The Laramie Project (2002)

Canal a cabo “Fox” exibe neste sábado, 20 de maio, às 21h, o documentário da HBO sobre o assassinato de Matthew Sheppard

Em 18 de outubro de 1998, muito antes de Brokeback Mountain mostrar as belezas do estado americano de Wyoming, um jovem homossexual foi brutalmente assassinado. Na cidade de Laramie, dois ciclistas encontraram Matthew Sheppard, 21 anos, coberto de sangue e agonizando preso a uma cerca de madeira. “Pensei que era um espantalho”, afirmou um dos rapazes. Sheppard era calouro de ciências políticas na Universidade de Wyoming. Na noite anterior, ele havia sido espancado por 2 homens e mesmo com ferimentos graves agüentou mais de 18 horas até que fosse encontrado.

Inocente, aceitou uma carona oferecida por dois garotos, Russel Henderson, 21, Aaron McKinney, 22, em um bar gay em uma cidade próxima. Foi então seqüestrado, espancado, esfaqueado e teve o rosto desconfigurado e diversos ossos fraturados. Ainda foi roubado, para despistar a intenção de tudo aquilo.  Com o cabo de uma arma, os agressores afundaram seu crânio em quase 5 centímetros. O motivo do crime: Sheppard ser homossexual. Ao ser resgatado, estava inconsciente e ainda resistiu por 5 dias no hospital, antes de sucumbir aos ferimentos.

Pouco antes de ir ao bar que freqüentava, e onde foi vítima da emboscada, Matthew havia participado de um grupo de estudantes homossexuais da sua universidade. Fazia pouco tempo que tinha assumido para seus pais que era gay. Ele telefonou para eles na Arábia Saudita, onde moravam, e contou. Sua mãe afirmou em entrevista, após sua morte, que já sabia e que perguntou porque ele não havia contado antes.

A mídia, artistas, militantes e políticos começaram um movimento jamais visto em defesa de uma lei que criasse penas severas para os considerados crimes de ódio, atualmente regulamentada em todo o país. Hoje, seus pais criaram uma fundação com seu nome e buscam educar as pessoas para que entendam e respeitem as diferenças. No dia do funeral do filho, os pais pediram doações e criaram a entidade.

Os assassinos foram condenados à pena de morte. Os pais de Matthew, Dennis e Judy Sheppard, em um gesto altruísta, intervieram e conseguiram a prisão perpétua para os homens que mataram seu filho.

Matthew se tornou ícone e mártir do movimento gay americano e algumas pessoas comparam a imagem de sua morte, ensangüentado e amarrado, à de São Sebastião ou até mesmo a Jesus Cristo. Após a morte de Matthew, descobriu-se que ele era portador do vírus da aids. Algumas pessoas defendem que ele era o estereótipo do gay promíscuo que a sociedade vê nos homossexuais e acham que ele não merece o título de mártir. Em uma matéria do jornal local, afirmou-se que Matthew teria sido estuprado no Marrocos, durante uma viagem escolar, quando morava na Suíça.

Mais informações: www.matthewsheppard.org ou www.matthewsplace.org