Programa Charme de 03/05

Redação Lado A 26 de Maio, 2006 13h17m

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Dae galera. Sou o Ferr, estou aqui para tocar a nova coluna do site. Agora a revista Lado A traz uma seção de entretenimento aos seus leitores, Coluna do Fer . Aqui comentaremos o mundo da música, cinema e televisão envolvendo o universo gls e do que for de seu interesse. Come on!


Na quarta feira, dia 03, em seu programa Charme, transmitido pelo SBT, a apresentadora Adriane Galisteu abordou o tema “homossexualidade” em um quadro de bate papo. Ela que sempre demonstrou simpatia e respeito por gays.


Entre os convidados havia psicanalista, mãe de gay, gay, psicólogo e assim por diante. Na entrevista o sociólogo, antropólogo e fundador do grupo gay da Bahia, Luiz Mott, explicou que a palavra homossexual é nova e foi criada há pouco mais de 100 anos. Defendeu que os gays não querem ser chamados de “veados”, “frescos” ou qualquer outra palavra com sentido pejorativo, coisa que nós já sabemos. Da mesma forma que afro-descendentes querem ser chamados de negros, os homossexuais preferem ser chamados de gays ou lésbicas, conforme o caso.


O psicanalista, Julio Nascimento, destacou que é importante para os gays, que pensam em assumir sua sexualidade, criar uma relação com seus pais que permita a eles se abrirem sem causar muito espanto. Seria mais fácil, para as famílias e para se seus filhos, se ambos tivessem a oportunidade e a intimidade de tratar desses assuntos em conversas sobre sexualidade e não apenas em relação ao uso de preservativos ou cuidados com a saúde.


No mesmo debate estavam mãe e filho. A professora, escritora e fundadora de um grupo de apoio para pais de homossexuais, Edith Modesto, e seu filho professor de letras, Marcelo Modesto. Os dois contaram suas experiências na hora de contar a “novidade”. Marcelo lembra que em sua adolescência houve momentos em que sua mãe chegou a pensar que ele namorava algumas de suas amigas, e o rapaz não desmentia e nem confirmava. O professor diz que quando estivesse namorando chegaria a sua mãe e abriria o jogo, mas, como ela se antecipou chegando e perguntando ao filho, ele apenas confirmou. A partir daí os dois começaram a viver dias ruins. Marcelo via sua mãe sofrendo e sentia culpa por isso. Por sua vez, Edith, representa o lado dos pais. Ela disse que, em seu grupo, há cerca de 1% de mães que assimilam de imediato a nova situação ou que se revoltam a ponto de expulsar seus filhos de casa. A maioria passa por um sofrimento terrível. No seu caso, pensou inicialmente que era uma safadeza, depois que ele queria apenas chamar sua atenção. A  professora ainda relata que há mães que realmente adoecem ao receber a noticia, ficam sem comer, têm ulceras, entram em depressão. E com muita coragem assume que, apesar de estar à frente de um grupo de apoio, até mesmo ela de vez em quando sente vergonha de dizer as pessoas que seu filho é gay. O sentimento de vergonha é uma das coisas mais difíceis de se tratar. “A hora em que o filho chega e assume sua sexualidade, imediatamente a mãe também entra no armário e quando isso acontece é muito difícil para ela sair depois” diz ela.
 
Segundo o psicólogo e especialista em assuntos como este,  João Pedrosa, as famílias de homossexuais devem seguir dois passos “… passo um: buscar orientação. Os pais devem buscar um psicólogo, porque ele está qualificado a tratar  da homossexualidade. Passo dois: dialogar com o filho, sentar e discutir com o filho a questão. Apoiar, porque ele vai enfrentar uma barra que é a homofobia, a aversão a homossexualidade”.


Em uma pesquisa de rua, exibido no programa, mostra que a maioria dos entrevistados aceitaria o fato de seus filhos serem gays. Uma fatia menor disse que seria difícil mas entenderiam. E apenas uma mulher afirmou ter preconceito e que não aceitaria ter um filho gay. Mas cada caso é um caso, não é? É muito fácil responder uma pesquisa sabendo que é apenas uma suposição, na vida real a coisa muda um pouco de figura.


Adriane também tocou em um ponto muito comum: “cadê a namorada?” É, eu dei boas risadas quando ouvi isso porque é uma realidade. A cobrança de namorar sempre existe e a falta da namorada é um indicio de que se é gay, mas também não vamos generalizar.


No entanto, devemos ter paciência. Pois, da mesma forma que é difícil assumir para os pais, esperando seu apoio e compreensão, para eles também existe a dificuldade de entender, uma vez que foram criados em outra época onde a homossexualidade não era aceita pela sociedade (agora é?). Nesse caso resta ter calma. Pessoalmente, acredito que é mais saudável assumir ao viver duas vidas. È muito cansativo e complicado esconder a verdade. O quanto antes essa situação for resolvida, melhor.


Bye.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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