Quais são os limites de uma paixão?

Redação Lado A 27 de Junho, 2006 02h41m

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Quais são os limites de uma paixão? Você algum dia já parou para pensar no que seria capaz de fazer por uma paixão ou por um grande amor?

Pois eu já sei do que sou capaz! E esses rompantes por paixões nos fazem mais fortes e nos fazem descobrir do que não seremos capazes nunca mais!

Era sexta-feira e eu amargava mais um dia de dor de cotovelo. E nesses casos vai um conselho fundamental: nunca fique perto de uma amiga mais passional do que você, pode ser fatal!

Mesmo com toda dor de corno, aceitei o convite de uma amiga para almoçar, a dita passional! No meio da refeição ela pergunta onde está a ex, e eu respondo, em Foz do Iguaçu visitando a família. Ela tem a brilhante idéia: Porque você não vai atrás dela? Eu? Como assim? Foz está a quase 700 quilômetros de Curitiba! E ela, com toda sua passionalidade, diz: já ouviu falar em avião?

E eu, sem exitar e sem nenhum dinheiro, vou com ela à agência de turismo mais próxima e compro as passagens para Foz do Iguaçu, faço a reserva no hotel e vou rumo ao pretenso encontro com aquela que amo.

Chego em Foz às 7 e 10 da manhã, vou direto para o hotel, e imediatamente mando uma mensagem avisando que cheguei, com endereço e número do quarto, precisamente às 7 e 20 da madrugada para um sábado.

E passam as horas, e eu a mandar mensagens, fazer ligações e nada, nenhuma resposta! O dia passa, longo, interminável! Lembro da lista telefônica, procuro e encontro uma no quarto do hotel. Procuro pelo telefone da casa dos pais dela, encontro, faço mais uma ligação e …nada, ninguém atende. A estas alturas o que eu tinha gasto com passagens já era café pequeno perto do que eu havia gasto com telefonemas e  mensagens.

O sábado passa incólume e sombrio, sem nem ao menos um sinal de fumaça. As relações humanas tem destas coisas…, tá, eu terminei com ela, mais uma vez em umas mil vezes que terminei nos 2 anos e meio que ficamos juntas. Mas o problema é que, em todas as vezes que terminamos, um sentimento explosivo de raiva ardia em mim. Eu a amava intensamente, mas a odiava na mesma intensidade em todas as discussões, sob qualquer pretexto, e sobre qualquer assunto. Porque isso acontecia? Não sei, e agora nunca vou saber também!

Terminei e me arrependi, porque apesar da raiva que ela fazia desabrochar em mim! (Nossa isso saiu a la Nelson Rodrigues), eu ainda sentia um amor enorme e inexplicável por ela. Foi este amor que me fez entrar naquele avião com destino a Foz, foi a vontade de dizer isso a ela, e dizer também que em todas as vezes que terminamos ela nunca me deu a oportunidade de pensar a respeito de nós, de nossa relação, e principalmente do porque a relação era tão conflituosa. Nunca tive essa chance porque ela sempre me procurava, coisa que também aconteceu desta vez. Num domingo, uma semana após o término, ela foi bater na porta do meu apartamento, bateu, esmurrou, inventou uma história que tinham quebrado o vidro do meu carro pra me fazer sair de casa, e eu não atendi, estava com muita raiva por causa da última briga, e tinha este direito, de ficar nervosa por ter sido ofendida por ela, e de pensar sobre esta relação, mas ela nunca me dava tempo pra isso.

Pois bem, quando a raiva passou finalmente e eu resolvi conversar era tarde demais. Fui até a casa dela, esperei por 3 horas ela chegar e a conclusão dela foi: nós não nos fazemos felizes, por isso não dá mais!

A minha conclusão é a seguinte: Só termine se tiver certeza absoluta, porque se não tiver, ela com certeza tem pelo menos uma amiga, querendo te ver pelas costa e louca pra apresentar uma outra que está sozinha, e ainda você pode levar o azar da próxima da fila ter o mesmo nome que o seu (aí é tragédia). Em segundo lugar: já que terminou mesmo, se afaste das amigas passionais, elas são uma má influência. Em terceiro lugar, se não tem dinheiro não viaje 700, 500, 400 ou 30 quilômetros. Aprenda a lição, se a sua principal queixa era que ela era uma pessoa egoísta e egocêntrica, isso só vai faze-la ter certeza disso, e não trará nenhum benefício a você a não ser uma conta imensa pra pagar no fim do mês.

Vocês devem estar se perguntando: isso foi sábado e o domingo? Muito bem, minha passagem era para segunda-feira as 6 e 10 da manhã, fiquei o domingo no quarto sozinha, pensando muito sobre tudo isso, e escrevendo também. Dei uma boa caminhada depois do jogo do Brasil, comi a melhor esfiha de Foz, e voltei pro hotel. Acordei cedo e fui ao aeroporto. Tomei meu assento no avião, o vôo atrasado porque faltava uma passageira, quando ela finalmente chega, era somente a minha mais nova ilustre desconhecida: Ela.

E como desconhecidas seguimos o vôo até Curitiba, esperamos a bagagem praticamente lado a lado, e eu? Finalmente me sinto pronta pra outra. Pode parecer piegas, mas eu já tinha ido ao fundo do poço, logo, não havia mais para onde ir, então, como a Fênix, estou aqui!

E já que é assim… se alguém tiver uma amiga solteira pra apresentar…

Por Zara Schnauzer

 

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SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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