Se macho gosta de macho, bicha gosta de macho… quem gosta de bicha?

Redação Lado A 26 de Agosto, 2006 15h56m

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Antonio Alberto Pereira de Sousa

No começo também achei engraçado, cheguei a concordar, mas então parei pra pensar “Isso é puro preconceito!”. Em uma comunidade do ORKUT alguém “postou” a frase apresentada na primeira linha. Isso nos remete a alguns fatos:

1° Eu sou preconceituoso porque ri e concordei.

2° Tu és preconceituoso porque ristes e/ou concordastes.

3° Ele é preconceituoso porque escreveu.

Não, não estou conjugando verbos! Só quero escancarar um fato que ocorre dentro da própria sociedade gay: preconceito. Não chega a ser engraçado? Até um pouco irônico, eu diria. Não acabamos de passar por diversas “Paradas” pelo mundo a fora, pedindo o fim do preconceito, quando nós mesmo somos preconceituosos? Não quero nem pensar o que um negro gay passa! Ou melhor, é preciso que penssemos melhor no assunto! Muitos dirão “Eu não tenho preconceito… tenho até amigo afeminado!” (o que me remete à origem desta palavra, porque, afinal o prefixo a- não significa negação?). Isso não seria apenas preconceito disfarçado?

Tá! Você não é obrigado a ficar com alguém que não lhe agrada, mas
mantenha seu preconceito, se não puder negá-lo, fora do alcance das
crianças (e do meu, o que é retórico), pois você pode envenená-las.
Vamos pensar um pouco: HOMOFOBIA. Em termos atuais, é o “medo” de homossexuais. Então isso nos torna, nós que rimos, “BICHAFÓBICOS”?

Acho que sim… mas espera aí! Na Parada me pareceu tão legal “soltar a franga”… me senti feliz e livre… então isso nos torna “FELICIFÓBICOS” ou “LIBERFÓBICOS”? Então, mesmo “fora do armário” eu sou enrustido? Acho que (como minha mãe aconselhou quando me viu beijando um homem no  00% bar) eu preciso de um psicólogo. Sou gay homofóbico e enrustido, credo!

Recapitulando, somos preconceituosos que lutam contra o preconceito…  hummm… isso nos torna um bando de bichas hipócritas, ops, desculpe, um bando de machos hipócritas que sentem atração e afeição por outros machos, porém, sem pisar fora da linha…

Entendi… Hey! Mas isso te impede de reclamar quando, entre outras
coisas, vê em programaz da Rede Globo de Televisão “Pitbicha”, ou ouve frases do tipo “Onde foi que eu errei?” ou “Olha a faca!”. Pois, com nosso preconceito, damos audiência para tais imbecilidades. Então vamos ver: dançar Madonna, Cher, YMCA, I will survive, etc, na boate pode, mas em cassa só Pop Rock (argh!) e Mozart? Ou tem algo errado comigo ou com a sociedade, porque, por favor, não fale mal da Britney ou da Daniela Mercury na minha frente!

Outra coisa, “tinha de ser viado!”?! Como assim “tinha de ser viado!”? Eu sou gay, então certo erros já são esperados? É como dizer “Só podia ser  mulher!”? Por favor, somos “boneheads” e não sabemos… Pensando bem, se aqueles “amigos” de Stonewall nos vissem hoje, acho que, envergonhados, eles diriam em uníssono: “Onde foi que eu errei?”.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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