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Exposição: Mil vezes maldita

Redação Lado A 02 de Agosto, 2006 21h08m

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Exposição
“A arte maldita, a sociedade maldita, a hipocrisia maldita, o desespero maldito e a crença na fé e no amor”, do jovem Alexandre Linhares, traz  peças fortes em uma manifestação de afirmação da fé. 

“As peças da exposição vêm contando uma história de amor, evoluindo desde o amor de Deus – o próprio amor – até o encontro com a necessidade do amor do homem, que busca no divino a conquista dos seus sonhos e bases para a “felicidade”.

Criou-se uma expectativa sobre uma peça com santos decapitados que ninguém sabe se foi ou não criada. Mas de todo o modo vai ser mais uma exposição polêmica do artista.


Onde/quando: A partir de 10 de agosto, às 20h30, no Nick Havana – R. Francisco Torres, 272 até 11 de setembro.

www.alexandrelinhares.com

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“Pois quando escuto ou leio, as palavras nem sempre vêm atingir em mim significações já presentes. Têm o extraordinário poder de me atrair para fora de meus pensamentos, abrem em meu universo privado, fissuras por onde irrompem outros pensamentos.”


MAURICE MERLEAU-PONTY (O homem e a adversidade)


A busca pela suprema excelência do Amor e da Arte.
Pela Curadora Fernanda Ochetski


1. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, de nada valeria (…).

2. E ainda que eu tivesse o dom da “Arte”, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

3. As ecléticas aquisições de materiais, o descontentamento e a busca incessante por substâncias perdidas aparecem como forma visual a cada trabalho de Alexandre Linhares. Inconformismo mundano. Ele busca interfirir no processo combinando “Intimidade e Concepção de mundo”. As obras provocam novas surpresas a todo o momento em uma experiência estética própria, um arrebatamento artificial de imensa dramaticidade.

4. Ousadia em transpor limites: drama para materializar o sentimento humano para um influxo religioso e as manifestações plásticas para um pensamento visual. Síntese de um sofrimento atroz e experiências sensoriais expostas como verdade dos materiais, num aprendizado poético protagonizam a obra do artista.

5. Sua obra, no entanto, “Assusta e Seduz”. O delírio das formas “Profanas e Sagradas” são dolorosamente perturbadoras contrastado com forte conotação espiritual a serem contempladas ao silêncio ou mesmo para incomodar na contestação do “Espaço/Templo”.

6. O Processo de criação de Alexandre inicia-se com o sentimento presente. Trata-se de uma fissura entre objetos religiosos (potencialidade espiritual) ou uma mera provocação.


7. As obras sintetizam questões deste ciclo do artista, onde o cerne do trabalho envolve a expressão do mundo térreo e opressivo com uma forte parcela iconográfica. A convicção ideológica do artista é traduzida visualmente por elementos alegóricos numa miríade de ícones que se caracterizam pela pluralidade.

8. A materialização fragmentada de objetos colhidos no cotidiano, veículo de algum signo já esmaecido, ou a existência de um objeto ainda que fútil revela a necessidade de que alguém tem dele. Signos exauridos, impulso de efetuar simbolizações ou um esvaziamento entre imagem e o seu conteúdo, tornando uma imagem desgastada em uma imagem de representação ilusória, fecundando-se mutuamente em proposições estéticas.

9. Alexandre tem a preocupação em mobilizar o espectador no seu projeto profano de fundir arte e vida.

10. Ruptura com o hábito. Simbólico X Existencial.

11. Proposição criativa vivencial remexida e remoída; a idéia de apropriação pelos seus predicados;

12. A opção preferencial pelo objeto ressalta a mágica do fazer artístico.

13. Dessacralização como Reivenção. Um protesto: O AMOR tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta…
* I COR 13:1-13

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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