Depoimentos de amigos e pessoas com quem trabalhou ajudam a criar o documentário “A morte de Narciso”, de Luiz Carlos Lacerda. Garotos de corpos atléticos seminus em situações eróticas, ou representando o ideal de beleza grego, recitam poesias homoeróticas que são intercalada com séries de imagens feitas pelo artista. Gomes foi o precursor do nu masculino e do voyeurismo no Brasil.
O fluminense (de Valença) Alair de Oliveira Gomes foi fotógrafo, professor universitário, filósofo, colecionador de livros, crítico e amante das artes. Nasceu (1921) e morreu no Rio de Janeiro (1992), viajou o mundo, estudou nos EUA quando bolsista por um ano da Guggenheim Foundation.
Da janela de seu apartamento em Ipanema, o fotógrafo clicava homens de sunga, o carnaval e atletas das areias. Outras fotos, posadas, mostram falos, corpos, pêlos e movimento. O trabalho realizado nas décadas de 70 e 80 chamou a atenção da fundação Cartier, de Paris, que adquiriu boa parte do seu acervo de imagens feitas por Gomes. Sua obra também pode ser encontrada em vários museus brasileiros.
Ele começou tarde a fotografar, aos 40 anos. Sua paixão pelo belo masculino é transmitida pelas imagens em preto e branco. Em 1992, aos 71 anos, foi assassinado em seu apartamento. O que só adicionou mística ao seu trabalho e legado.
O diretor da Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, Hervé Chandès, afirmou em 1991, que a obra de Alair Gomes não possui referência na história: “Em nus masculinos, não há nada hoje comparável no mundo da fotografia ao trabalho deste brasileiro”. A forte inspiração grega do artista é evidente em seu trabalho.
O Canal Brasil, da Globosat, exibiu na madrugada do sia 07/10 o documentário “A morte de Narciso” que no ano de seu lançamento, 2003, participou do Festival Mix Brasil.
