Feliz 2007, primeiro artigo da coluna do ano

Redação Lado A 16 de Janeiro, 2007 16h56m

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Quero pedir desculpas pela ausência, mas, agora voltamos para arrasar.


No final de ano, passei uns dias na praia com meu pai, sua esposa e minhas irmãs… No meio de um almoço surge o assunto: “adoção por casais gays”. Não lembro bem como começou, mas certa altura meu pai diz: “imaginem a mente da criança que vê os pais de seus amigos, homem e mulher, e ele tendo dois pais ou duas mães em casa”. Imediatamente, para minha surpresa, minha irmã de apenas 10 anos diz: “não veria problema, é normal, não tem nada demais”. Fiquei pasmo com o comentário dela. Porém, ao mesmo tempo fiquei contente por saber que ela não tinha preconceito, mesmo sendo criada numa atmosfera machista (com meu pai). Surgiu-me a esperança de ter mais crianças que pensem da mesma maneira e que assim criem, no futuro, uma sociedade menos preconceituosa.


Em relação a ser criado por homossexuais, conheço duas pessoas que vivem essa realidade. Há alguns anos estudei com um garoto, hétero, que foi criado pela mãe e sua esposa, que por sua vez era chamada por ele de tia, mesmo sabendo a real situação na qual se encontrava. E há algumas semanas soube que a namorada de minha amiga também foi criada, praticamente, pela mãe lésbica e sua namorada. Nesse ultimo caso, a garota mora apenas com a mãe, mas a namorada freqüenta muito sua casa. Como pudemos ver, a atmosfera homossexual não influencia a orientação sexual do indivíduo. O que é o grande medo de muitas pessoas leigas no assunto. Pois, vemos duas pessoas que foram criadas por lésbicas e, no entanto, uma é heterossexual e a outra não.


Eu, como muitos aqui, sonho um dia em que a adoção por gays seja mais aceita e menos complicada do que é hoje. Até porque, mesmo não descartando a possibilidade de um dia ter um filho nas condições normais da natureza, gostaria de adotar uma criança. Garanto que saberia dar muito amor e atenção a ela, mais até do que muitos pais que existem pelo mundo a fora.


Ah, mudando um pouco de assunto. Vocês viram o depoimento no final da novela “Páginas da Vida” de hoje? Um homem relatando o preconceito que seu filho adotivo sofre por ser negro, e depois ainda diz que o que o difere dos outros pais é o fato de ele ser gay. Uma família que enfrenta diariamente preconceito por motivos diferentes, um pela homofobia e outro pelo racismo. Triste, mas é a realidade de muitos. Pois é, mas com fé seguimos em frente.


Por enquanto deixo aqui um abração a todos. Até a próxima.


PS: Quero mandar um beijo a minha amiga Raquel, que agora comanda uma coluna aqui no “Lado A”, “Coisas de mãe”. Desejo a você: muita luz, sucesso e boas vibrações. Beijo.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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