O legado de Da Vinci

Redação Lado A 04 de Março, 2007 02h56m

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Nas primeiras páginas do livro O CÓDIGO DA VINCI, o autor Dan Brown revela: Leonardo Da Vinci era gay. Isso, todo mundo sabia. Depois de ler o livro acabei descobrindo que entre a lista sugerida pelo autor dos portadores maiores do segredo da linhagem secreta de Jesus estavam nada mais nada menos do que cinco homossexuais famosos na história: Sandro Filipepi – mais conhecido como Botticelli, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Claude Debussy e Jean Cocteau. Além de citar o escritor inglês Alexander Pope, também gay.


Fora isso, o selo dos templários: um cavalo, dois cavaleiros, já foi interpretado até como indício de homoerotismo, quando seu real significado é apenas e tão somente um homem, duas naturezas. Um reflexo da natureza, ao mesmo tempo, material e espiritual do iniciado, ou ainda, “duplamente armado, nada teme, nem homens nem demônios”.


O mais interessante do livro não é apenas porque resgata vários personagens gays da história, como Adolf Hitler, mas por sua proposta de uma religiosidade sem preconceitos. Segundo o livro, a Bíblia seria uma deturpação da história, feita para manipular a civilização onde esconderam a presença da Deusa e fizeram o Deus masculino. Subjugaram a mulher, perseguiram os que conheciam a “verdade”, caçaram os hereges conforme a necessidade de apagar os registros da história. O livro acusa a Igreja de esconder e alterar os fatos ocorridos. Por exemplo: marginalizaram Maria Madalena como prostituta a fim de desmoralizar a companheira de Cristo, tendo em vista que ela era a responsável por transmitir os conhecimentos de Jesus, indicada pelo próprio, até Lúcifer é desmistificado de forma mirabolante no livro.


O livro é um romance moderno que coloca bastante lenha na fogueira do Vaticano. O livro também aborda a rica e forte OPUS DEI, organização católica em muito engajada na “cura de homossexuais”, embora este fato não seja citado no livro. A maçonaria, suas teorias e estudos, é sempre presente no livro, que mistura ficção e realidade, fatos e suposições de forma harmoniosa.


É uma boa leitura, com certeza, mas o que mais me intrigou foi a genialidade de Da Vinci em suas pinturas, reveladas pelo autor. O livro descreve pinturas e peculiaridades delas como na “Última Ceia”, onde existem 13 pessoas e não Jesus mais onze apóstolos. Uma mão, que está sobrando, segurando uma faca nos leva a pensar se a teoria é mesmo verdadeira, e a pensar se ao lado de Jesus vemos Maria Madalena e não João Batista.


Temos em outra pintura, “Madona dos Rochedos”, Jesus pedindo a bênção ao seu primo João Batista (que ‘herdou’ sua igreja), e mãos cortando uma cabeça invisível e Isabel vestida de Maria. Esta peça foi refeita por Da Vinci, a pedido do Vaticano, mas as duas obras aparecem cheias de simbolismo pagão, elucidados pelo livro.


Outra pergunta que me fiz ao terminar o livro foi: por que do ódio da Madre Igreja pelos homossexuais? Seria porque eles ameaçam o poder da Igreja de alguma forma? É de se pensar, de buscar na ficção a ausência de uma explicação compreensível. Enquanto isso, esperamos a revelação do terceiro segredo de Fátima, que segundo a lenda deve abalar o mundo cristão.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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