Polícia investiga suicídio de rapaz em Ponta Grossa

Redação Lado A 26 de Março, 2007 02h46m

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Comentários maldosos a respeito de sua sexualidade e uma constante situação de humilhação pública sofrida por um jovem de Ponta Grossa, município com pouco menos de 300 mil habitantes, localizado a 130 quilômetros de Curitiba, terminou de forma trágica. Thiago Roberto de Arruda, 19 anos, estudante de educação física, se matou depois de quase um ano sendo perseguido e chamado de homossexual e pedófilo.


Tudo começou em uma comunidade local do Orkut, “No escuro – Ponta Grossa” com mais de mil membros, onde o rapaz chegou a avisar que se mataria e receber mensagens propondo formas de suicídio. Uma delas foi usada pelo rapaz.  Com uma mangueira no escapamento do automóvel, ele levou o fluxo de monóxido de carbono para dentro do veículo, onde morreu sufocado pelos gases tóxicos.


A morte aconteceu durante a madrugada do dia 5 de março mas só ganhou grande destaque na semana passada, depois que os policiais avaliaram que o Orkut e pessoas ligadas a uma comunidade específica poderiam estar relacionadas com o suicídio do rapaz.


A polícia investiga a possibilidade de indução ao suicídio, crime segundo o Código Penal Brasileiro. Os membros e organizadores da comunidade estão sendo investigados. Segundo a polícia, o fato de a comunidade ter sido excluída comprova que existem pessoas tentando obstruir as investigações. A unidade de ciber crimes (Nuciber), já foi acionada, e ajuda nas investigações.


Segundo o Código Penal Brasileiro, artigo 122, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio é “Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça” e prevê pena de 2 a 6 anos de reclusão se consumado ou 1 a 3 anos se causar lesão corporal grave. A pena pode ser aumentada se o motivo for egoístico ou se a pessoa não apresentar capacidade de prestar resistência.


Segundo um amigo da vítima, ele sofria constante discriminação, inclusive nas ruas da cidade. A mesma comunidade já havia sido denunciada no fim do ano passado por causa de diversas mensagens injuriosas postadas. Uma funcionária de uma rede de tevê local chegou a se mudar da cidade em razão dos comentários feitos contra ela por internautas, que citavam nome e profissão das pessoas.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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