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Curitibanos lotam salas de bate-papo para sexo

Redação Lado A 17 de Maio, 2007 22h58m

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Marcado pelo estigma da discrição e da timidez, curitibanos lotam salas de bate-papo em busca de sexo. Ali, porém, não há um estereótipo. Garotos de programa, solteiros, casados, pessoas de todas as idades. Alguns em busca de algo sério, a maioria de sexo casual, mas existe espaço para alguns que ainda sonham com príncipes encantados ou que juram querer amizade apenas.

É no UOL, sexo, gays & afins, cidades, Paraná – Curitiba, que os gays da cidade se concentram. São duas salas que ficam lotadas depois das 10h da manhã até a alta madrugada, onde chegam a concentrar 60 pessoas ao mesmo tempo. Alguns ainda vão para as salas de imagens eróticas. A sala 48 é a mais curitibana.

Os apelidos chamam a atenção. Radicais como bi, loiro, teen, casado, prog, at, pass ajudam a definir o perfil dos usuários. Em sua maioria, entre 20 e 40 anos. Mas é comum achar pessoas mais velhas ou mais novas. É um verdadeiro CEASA do sexo. Os mais atirados lançam mensagens coletivas com a descrição física. Outros já vão direto ao assunto. Mas o pessoal conversa de forma privativa, longe dos curiosos.

A sala gay no UOL tem mais de 12 anos no ar e revolucionou a vida de milhares de homossexuais. Com as novas tecnologias, mudou-se um pouco a forma de contato. Hoje, pessoas podem abrir contato no bate-papo e seguir conhecendo melhor o outro pelo programa Messenger, onde é possível ver foto, vídeo e até conversar por áudio. Antes, gays se conheciam ao vivo, o que gerava certo desconforto. Com o anonimato da internet as pessoas são mais atiradas, já que não correm o risco de serem reconhecidas. O sexo ficou mais fácil, bem como achar o perfil que deseja, principalmente para os mais discretos. Aliás, afeminados sofrem também no meio virtual.

Mas a ferramenta também é prato cheio para a corrupção de menores. Embora o site apresente propagandas e links para denunciar pedofilia, é possível entrar com um apelido como garoto12anos, por exemplo. Fizemos uma experiência com diversos nomes, para ver como era a reação das pessoas. Em 10 minutos com cada apelido tivemos vários interessados, a maioria na faixa dos 18 a 24 anos. Mas as conversas mais pesadas parecem acontecer no programa Messenger. No bate-papo o pessoal foi mais formal, tipicamente curitibano.

Com o nick “Playboy13a” tivemos quatro interessados, que se tivessem feito sexo com um menino de 13 anos poderiam ser enquadrados em violento atentado ao pudor presumido, já que, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, até os 14 anos o menor é considerado incapaz de decidir sobre o assunto. O crime prevê pena de 6 a 10 anos de reclusão. Mas a maioria das pessoas corre de apelidos como esse, por conhecerem a legislação. Mas fica provado que muita gente ignora a proibição, que inclui até mesmo falar de sexo com menores desta idade.

Alguns apelidos geram fetiche extremo. “Bi_novato” recebeu seis respostas espontâneas (sem que teclássemos nada). Ao falarmos que o suposto usuário tinha 13 anos, dois internautas passaram a ignorá-lo. Um chegou a passar o msn e a manifestar interesse em um encontro. Ele teria 18 anos e se dizia bissexual. Como ”16loiroBi” também tivemos seis interessados. A maioria se intitulando como passivos. Os campeões de popularidade foram os apelidos “meninoloiroBi” e “skinhead”. Sim, o apelido do grupo que espanca homossexuais por aí teve uma resposta alta: seis. Mas a campeã mesmo foi “meninoloirobi” que recebeu oito chamadas em menos de 10 minutos, em uma sala com 30 pessoas.

Depois, com o apelido “(jornalista)LadoA”, pedíamos para as pessoas darem depoimentos, deixando claro que se tratava de um veículo GLS. Conversamos com um garoto de programa, homens casados, menores de idade e amantes de sadomasoquismo. Esta matéria, você confere na próxima semana.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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