Onde está o amor?

Redação Lado A 20 de Junho, 2007 06h17m

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Há tempos sem escrever, me vejo na obrigação de dar algumas explicações. Primeiro veio a campanha eleitoral e me vi envolvida demais para alcançar um nível de inspiração a altura das minhas leitoras. Depois notei que meus artigos estavam sendo vistos de uma forma bastante pessoal por algumas facções.

Por um lado, não me arrependo por isso! Se a carapuça serviu… cada um com seus problemas! Por outro lado, acabei perdendo uma amiga querida, que faz falta, justamente por ter esquecido de acionar o filtro que muitas vezes deve existir entre a cabeça e as teclas do computador.

Mas agora, inspirada novamente, quero poder aproveitar mais o espaço e principalmente agradecer aquelas que por e-mail ou pessoalmente cobraram um artigo novo.

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Um bom lugar para observar as relações entre os casais é o supermercado.

Casais há anos juntos parecem que querem resolver todas as diferenças de uma vida entre as gôndolas. Você observa as fisionomias sisudas, pessoas que discutem por causa da marca do sabão em pó que escolheram.

Já os casais mais jovens, ainda não se importam em carregar juntos a cestinha até o caixa, ou não ligam quando um dos dois pára para observar uma capa de revista na prateleira.

Até os casais que não aparentam muito tempo de relação, demonstram comportamentos estranhos no supermercado. O local parece fomentar o momento de discutir a relação, ou pelo menos coloca em evidência comportamentos guardados hermeticamente.

Observei um casal que não aparentava nem ser recente, nem uma relação antiga. A mulher disse: um docinho pra mim? E ele em um mau humor aparente estendeu um daqueles revolvinhos com suco de groselha dentro. Depois numa tentativa ainda mais sem graça deu uma caixinha de leite condensado a ela. A mulher visivelmente decepcionada deu um sorriso amarelo.

Fiquei me imaginando no mercado com minha namorada. Se ela me dissesse: um docinho pra mim? Eu diria: que docinho você quer meu docinho?

Mulheres são assim! Acredito até que a maioria seja! Otimista??? Pode ser! Mas não me imagino agindo de outra forma! É esse comportamento, é essa atitude que o meu amor merece. Sempre!

Não só quando os namoros são recentes. A doçura deve ser uma constante seja nas relações hétero ou homo.

No supermercado, observando os casais hétero, me lembrei de vários casais que conheço, de amigos e amigos, amigas e amigas, e amigos e amigas. E cheguei a uma conclusão: é mais fácil ver a doçura presente há anos numa relação de casais homo do que de hetéros, estatisticamente. Consegui me lembrar de apenas um casal hétero que conheço que depois de 7 anos de casados ainda mantém o amor açucarado.

Se é assim, então porque ainda somos vistos a margem da nossa sociedade, como pessoas volúveis nas relações?

Nossas relações são mais harmoniosas, mais saudáveis para o corpo e para alma, então porque nos olham pelos cantos?

Para pensar!!!

Manter a doçura sempre, e não acondicionar o amor num esquife é uma arte que nós homossexuais já aprendemos, ainda falta coragem para outras demonstrações de garra na vida cotidiana, mas em breve chegaremos lá!

O que marcou nesta semana – Ellen de Generes, mulher forte, maravilhosa, exuberante que quebrou tabus na apresentação do Oscar.

Música – diante disso tudo, uma bem romântica

Para ler – Amor líquido – muito bom e a Revista Lado A

Opiniões e sugestões: zaraschnauzer@gmail.com

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SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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