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Falso Heterossexual e o novo homem

Redação Lado A 18 de Janeiro, 2008 07h31m

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Homem que é homem não chora, já ensinava o pai machista. O novo homem heterossexual não tem problemas com sua sexualidade, convive com homossexuais e ainda respeita as mulheres. Misoginia, ou seja, raiva inconsciente ou mesmo consciente de mulheres, indica algum problema sexual. A homofobia, aversão aos gays, também mostra que a pessoa se sente insegura ou incomodada quanto ao seu próprio umbigo.


Homens que batem, xingam ou não gostam de mulheres devem ser vistos com desconfiança. Talvez não seja um problema de fundo sexual, porém com certeza não é algo aceitável vindo de alguém que jura gostar do fruto. É no mínimo conflitante. Como dito, homens héteros que odeiam homossexuais masculinos também não demonstram clareza do que sentem. Se você é de um jeito, porque o outro diferente seria visto como ‘inimigo’, já que ele não oferece nenhuma espécie de ameaça no jogo da sedução, sobrando até mais pessoas do sexo oposto para serem galanteadas? Não há explicação lógica para uma pessoa definida sexualmente ter qualquer espécie de incomodo quanto aos homossexuais. O mesmo vale aos homossexuais de se incomodarem com a presença de heterossexuais.


Já falso hétero precisa reafirmar-se constantemente, contando histórias, inventando transas ou mesmo reafirmando ser macho por meio de violência ou grupos machistas. Estes indivíduos têm medo de serem vistos como afeminados, exagerando em seus traços de masculinidade, muitas vezes tendo corpos exageradamente musculosos, praticando lutas marciais, promovendo atos violentos e participando de grupos sociais que incluem a criação de pit bulls. O falso hétero não é homossexual, que fique claro. Ele apenas tenta exagerar no padrão do macho, chegando a ser um estereótipo. Se falássemos do mundo homossexual, ele seria uma drag queen, que força os preconceitos para se tornar um modelo matizado.


Enquanto o falso heterossexual luta para ser um Hércules, o novo homem busca ser Apolo. A beleza, erudição e equilíbrio emocional são características do homem moderno, capaz de passar horas no banho e fazendo rituais de beleza, em nome de um visual mais bonito. O novo homem é narcisista, o que chega a incomodar muitas pessoas que criticam a morte do machão. Mas o metrossexual, termo já em desuso, gosta de se sentir bem, consegue desprezar uma parceira, o que para o machão é algo inaceitável, e chega a gostar de artes e tem amigos homossexuais. O novo homem não se incomoda que duvidem de sua masculinidade e sua sexualidade é bem resolvida, muitas vezes usando o método de São Tomé, ver pra crer.


O novo homem não tem medo de ser homossexual, pavor maior do machão que passa a vida inteira na dúvida e no pavor de ser algo que ele aprendeu a enojar. O novo homem porém tem certeza do que gosta e não sente a necessidade de se reafirmar ou mesmo de reforçar os preconceitos. Se quiser, ele chora. Se quiser, ele vai lá e tira a dúvida. O novo homem é respeitoso, consciente e muito mais cívico. Apela para a força bruta apenas quando necessário e leva a parceira ao orgasmo mais vezes, pois é sincero e carinhoso. Dizem, alguns, eles entendem as mulheres melhor.


Só que algumas mulheres preferem o tipo machão. Sentem mais confiança sendo enganadas do que ter um homem que é mais parecido com elas. O macho as leva a ter mais segurança, para algumas, dão mais prazer. Preferem sexo violento e a famosa “pegada” do que alguém carinhoso e que converse com elas. Assim as mulheres educam os novos machões, em nome de uma tradição preconceituosa e com medo de que eles sejam maricas. Por isso há tantos homens com problemas sexuais por aí, que transam mecanicamente e gozam por atrito e não por prazer de estar com uma pessoa especial. E também muitas mulheres que reclamam dos homens e suas atitudes. A cada dia a teoria de que homens são de Marte e mulheres de Vênus faz mais sentido, considerando as complicações dos dois sexos. A Terra, talvez, seja a origem dos homens e mulheres homossexuais. Isso explicaria muita coisa…


 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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