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Assista!!! A busca de sexo e amor em Shortbus

Redação Lado A 25 de Março, 2008 10h42m

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Shortbus é, em sua essência, um filme de utopia sexual e global. Escrito e dirigido por John Cameron Mitchell (Hedwig – Rock, Amor e Traição), o longa conta com atores desconhecidos, que também ajudaram o cineasta a compor os personagens e o roteiro. Logo de cara, o filme mostra a que veio com seus protagonistas envolvidos nas mais diversas práticas sexuais.

Sofia (Sook-Yin Lee) é uma frígida sexóloga e conselheira de casais, casada com Rob (Raphael Barker). Dois dos seus pacientes são o casal Jamie (PJ DeBoy) e James (Paul Dawson), que pretende introduzir terceiras pessoas na relação. Depois há Severin (Lindsay Beamish), uma dominatrix obcecada com Polaroids, e Ceth (Jay Brannan), um ex-modelo que se envolve conjuntamente com James e Jamie, numa curiosa tentativa de uma relação “monógama” a três, e ainda Caleb (Peter Stickles), um stalker que, do outro lado da rua vigia obsessivamente James e Jamie. Homens e mulheres, hétero e homossexuais, todos convergem em “Shortbus”, uma espécie de clube underground onde tudo é permitido. Gerido pela drag queen Justin Bond (representando-se a si mesmo), que o descreve como “just like the 60s, only with less hope’ – Como nos anos 60, só que com menos esperança, o clube é um refúgio onde cada um tem espaço para resolver as suas neuroses, ali ver é também participar e a par do sexo, em grupo ou nem tanto, existem discussões sobre música, literatura e arte.


Em “Shortbus” não só se despem corpos como almas. Ambos são inteiramente explícitos. E o sexo, mais do que uma fuga à realidade deste conjunto de pessoas, é um caminho necessário para se descobrirem a si mesmas, o que, em última instância, significa descobrirem o amor, que tem a sua metáfora numa falha de eletricidade que afeta toda a cidade de Nova Iorque.

O diretor Mitchell não tem medo de ser explícito, mas nunca é gratuito. Ele retrata um grupo de pessoas desesperadas em busca de alguma ligação com os outros, à procura de um sentido maior na vida, em que o sexo é, muitas vezes, o caminho para isso.

As cenas podem até chocar os mais puritanos. Mas o impacto emocional de Shortbus é muito mais forte e pertinente. O filme chega como uma tentativa de relembrar o que Nova York um dia foi, muito antes do 11 de Setembro. Os personagens pregam paz, e o amor é o caminho mais curto para isso. Para realizar o filme, ele solicitou que os candidatos mandassem um vídeo, e depois reuniu-os em uma festa em sua casa chamada Shortbus. O próprio diretor serviu de inspiração para o personagem James, que fotografa o seu cotidiano ao lado do namorado Jamie.

Como no filme anterior de Mitchell, a música tem papel fundamental. Para ajudar a criar esse universo onírico, no qual Nova York aparece em forma de maquete, o diretor conta com trilha de Michael Hill e do grupo de indie rock Yo La Tengo. O filme foi enorme sucesso no Festival de Cannes e já pode ser encontrado em videolocadoras. Confira!!!

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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