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Tradição no paladar: a história do chá

Redação Lado A 23 de Abril, 2008 05h19m

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Os ingleses deram ao chá status de cerimônia: estabelecendo o horário, às cinco horas da tarde, e a idéia de uma pausa entre o almoço e o jantar. Apesar de não ser um produto de origem inglesa, nem ser esse o povo descobridor da bebida, a participação da Inglaterra na história do chá é importante por eles o terem ocidentálizado. Diferentemente dos portugueses e holandeses, que conheceram o chá antes, no século XVI, mas o mantiveram entre a nobreza, os ingleses espalharam a bebida por todo país, por volta do século XVIII.


No percurso de cerca de cinco mil anos dessa bebida, nascida na China, muitas histórias rondam o gosto pelas folhas da camelia sinensis – que dão origem ao chá preto e ao chá verde. A lenda mais antiga, e tida como oficial, remonta ao ano de 2800 a.C. Conta-se que um imperador chinês de nome Shen Nung não reparou que em sua água fervida – os chineses tinham esse hábito-, caíram algumas folhas da planta. O sabor era bom e o efeito, revigorante, devido à cafeína. Assim, diz a lenda, nasceu o chá.


Monges japoneses, por volta de 600 d.C., foram os primeiros a abrirem as fronteiras para a bebida longe da China. No Japão, esse produto se tornou, ao longo dos séculos, parte integrante da cultura. A cerimônia do chá é a maior representante da tradição: um chá verde pulverizado é servido em meio a um ritual típico.


Alguns séculos mais tarde, portugueses e holandeses, por conta de suas colônias no Oriente, também conheceram o chá e o trouxeram para a Europa, no século XVI. Os ingleses, que se tornariam conhecidos pela bebida, só vieram a saborear o chá há cerca de 350 anos. Por brigas políticas, eles não compraram inicialmente, o chá chinês. Plantaram a árvore na Índia e assim começaram a apreciar e a vender o produto.


No Brasil, o chá chegou pelas mãos de D. João VI que, fugido, de Portugal, trouxe com ele o gosto pela bebida. Histórias contam que o monarca pediu para trazer alguns chineses para cultivarem uma plantação brasileira. Por ironia, os chineses gostaram do país e abandonaram a colheita. Foram padres do Jardim Botânico do Rio quem mantiveram a plantação.


Hoje as marcas de chá buscam a disseminação de um gosto muito particular, o prazer de tomar uma xícara e chá. No Brasil muitas pessoas ainda ligam à prática com efeitos medicinais. No verão, por hábito, o brasileiro também não toma muito chá, por ser quente, embora tome café. Há entretanto versões geladas do produto, adequadas ao dias de forte Sol dos trópicos.


Chá da Tarde
A tradição do chá das cinco se espalhou para muitos lugares do mundo desde que, no início do século XIX, Anna Duquesa de Bedford, teve a idéia de tomar chá para precaver a fome entre o almoço e o jantar. É certo que hoje esse chá se adaptou e se transformou aos tempos atuais. Porém nada melhor para os dias de frio do inverno que uma boa fatia de bolo acompanhada de uma xícara de chá bem quente.


A chef Valérie Lafay, especialista na bebida, dá dicas preciosas para quem quer saborear um bom chá:


Nunca ferva a água com o chá dentro.

Ferveu a água, desligue o fogo e coloque o chá

Para se fazer um bom chá, é preciso se levar em consideração o número de colheres por litro de cada tipo de erva ou chá. No caso de chás agranel, se você deixar passar o tempo adequado, eles ficam amargos, principalmente o preto e o verde.

O cheiro precisa ser bom, cheiro fresco

A cor do chá também é importante: “o chá verde é verde”, reforça

Para conservar o chá, cujo tempo de validade é de um a dois anos em média, não há grandes segredos: é preciso mantê-lo em pacote fechado, sem luz, umidade e calor. Na observação da chef, um saco de papel resolve.


Tempo de infusão:
Chá verde: de um a três minutos.
Chá preto: de dois a cinco minutos.
Ervas e frutas: de cinco a dez minutos.    

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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