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Sou feliz, meu filho é gay

Redação Lado A 16 de Maio, 2008 03h04m

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Sou mãe de três rapazes jovens, saudáveis, inteligentes, dois são heterossexuais e um deles é homossexual.


Todos foram criados e educados com muito carinho e amor e de maneira semelhantes, claro que tivemos vários problemas mas conseguimos juntos superá-los. Sempre fui uma mãe super protetora, atenta a tudo, querendo participar da vida de meus filhos e muitas vezes até sendo até inconveniente  confesso.


Em 2005, fui surpreendida com a afirmação de meu filho de 16 anos: “mãe, sou gay!”, mesmo tendo sido uma mãe presente e atenta, não notei essa situação, e ao saber levei um choque, chorei, sofri, rezei, fomos ao psicólogo, acreditei ser passageiro, mas também resolvi: quero entender, estudar, saber tudo sobre essa situação. Li muito, pesquisei, entrei em um grupo de ajuda para mães de homossexuais. E, na época, meu filho gay foi minha prioridade. Não conseguia entender o que se passava com ele. Mas, aos poucos, quase que como milagre, entendi que ele não tinha opção.


A orientação sexual não é uma questão de livre arbítrio. É natural e espontânea, se não fosse daria para mudar… Se ele pudesse, tenho certeza, não escolheria ter essa confusão toda.


Tendo conhecimento disso, consegui compreender, aceitar e amar meu filho como ele é:
uma pessoa maravilhosa, como tantos jovens por ai que se encontram com esse mesmo “problema”.


Também resolvi ver ‘in loco’ os ambientes que ele freqüentava. Parti para a luta, isso é, conheci seus amigos e namorados. Gente normal, como todos nós, e muito mais sensíveis, compreensivas e muito carentes de amor e compreensão. Isso me sensibilizou muito, e compreendi que se os pais dessas pessoas os acompanhassem e vissem que na maioria das vezes eles estão realmente sós. Se divertindo sadiamente, dançando, conversando e até namorando em bares, boates, onde são aceitos sem restrições, sem recriminações, onde se sentem iguais. E lá me senti acolhida, até amada, e me olhavam com admiração, “nossa uma mãe na balada gay e com o filho”, “como gostaria que a minha viesse, que me acompanhasse, que me entendesse” e por ai afora. O ouvi muitas indagações e afirmações de meninos e meninas tão normais e ao mesmo tempo tão discriminadas e tristes, sem terem a quem recorrer.


Desse momento em diante, não mais diferenciei os cuidados com meus três filhos, agora, os vejo todos iguais. Aconselho a todos que se protejam, se cuidem usando camisinha em seus relacionamentos, os aceito com suas namoradas e namorado em minha casa, sempre mantendo o devido respeito. Acredito que essa atitude, de conhecer seus amigos e de aceitá-los em casa, faz com que eu fique mais tranqüila e que todos me respeitem, me escutem, dividam comigo seus problemas e alegrias e me amem cada vez mais. Porque o que interessa para nós, mães, é que nossos filhos sejam felizes. E eu posso afirmar, sou mais feliz depois que soube que meu filho é gay.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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