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XII Parada do Orgulho GLBT

Redação Lado A 26 de Maio, 2008 21h33m

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Neste domingo, aconteceu a maior parada gay do Mundo na Avenida Paulista, em São Paulo. Foram mais de 3 milhões de pessoas marchando sob o tema “Homofobia Mata – Por um Estado laico de fato”. Alguns incidentes, como uma overdose em um hotel dias antes do evento e um atropelamento durante a Parada não tiraram o brilho do evento que atrai cada vez mais participantes.


Pré-Parada
Com uma programação incessante de festas e programas culturais, a Parada Gay da Cidade de São Paulo, Parada do Orgulho GLBT – gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, já pode ser considerada o maior evento Pride (orgulho, termo utilizado para classificar os eventos gays) do mundo. Foram quatro dias de baladas, feira cultural, fórum de turismo, apresentações de teatro e a grande Parada, que teve também uma versão feminina no sábado.


Um jovem de 25 anos, Lucas Cerqueira Leite Cardoso de França, foi encontrado morto na piscina do hotel de luxo Mercure localizado na Alameda Itu, nos Jardins, pouco após sua chegada com amigos. A polícia informou posteriormente que o rapaz faleceu em razão de um afogamento após um ataque cardíaco provocado por a uma overdose de drogas. O caso foi rapidamente abafado pela imprensa, já que a Parada de São Paulo já é o segundo evento que mais arrecada impostos e traz turistas para a cidade de São Paulo.


A festa Gira-sol, organizada pelo grupo The Week, lotou mais uma vez o Clube de Regatas Tiete no Sábado. As boates estavam todas lotadas e os preços exorbitantes para entrar. O Play Gay, dia destinado ao público gay no tradicional parque Play Center também foi um dos pontos altos do entretenimento na semana. Enquanto os meninos se divertiam no parque, as meninas marchavam na Avenida Paulista, para a Marcha Lésbica, que anualmente ganha volume e tem caráter mais politizado.


DOMINGO
Um forte sol abriu e por volta das 10h já era grande a movimentação na Avenida Paulista, a parada que tinha previsão para iniciar ao meio-dia começou com um pequeno atraso. Foram 21 carros, dos 22 previstos.


No carro “abre-alas”, a drag Silvetty Montilla puxou a animação do público e berrava que já eram 5 milhões de pessoa, brincadeira que tomou eco e foi parar nos noticiários. Apesar de ser claro que a Parada deste ano estava com menos participantes gays, espera-se que a Polícia Militar confirme o mesmo número de pessoas do ano passado, 3 milhões e meio.


Sem a participação de boates, muitos sindicatos e programas de saúde participaram do evento com carretas trio-elétricos e fizeram uma festa sem grande apelo sexual, a pedido da própria Associação da Parada do Orgulho GLBT. O Ministério do Turismo foi o segundo carro a entrar, seguido pelo carro da CADS – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual e Secretaria de Participação e Parceria do município de São Paulo. As lésbicas, o Sindicato dos trabalhadores de Telemarketing, Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, CUT, Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, entre bares e sites de paquera, também tiveram seus carros.
 
Uma confusão envolvendo força policial foi percebida quando os participantes do carro da Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas, grupo político ligado a extrema esquerda, se negaram a abandonar o evento em razão de uma suposta irregularidade do trio elétrico que utilizariam. O pedido de saída veio da própria organização do evento e, segundo a direção do Conlutas, se deve ao fato de eles estarem criticando o evento que se tornou muito comercial.


Muitos furtos foram registrados, como medida de segurança, estava sendo solicitado às pessoas que não levassem celulares e câmeras fotográficas ao evento, dado que no ano passado houve mais de 60 registros formais de ocorrências. Confusão também próximo ao MASP, que este ano teve seu vão livre isolado e não abrigou um espaço já tradicional que era o do site Mix Brasil. A nova sala de imprensa, localizada nas proximidades, também foi ponto de tensão quando um grupo tentou invadir a sala VIP destinada à celebridades e jornalistas.


O atropelamento de um funcionário do trio que carregava o pessoal do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo também gerou comoção. Ele caiu entre a parte conhecida como cavalinho (onde fica o motorista) e o reboque. O caminhão passou sobre sua perna, que foi esmagada. Após o atendimento feito por uma das ambulâncias que marcava plantão no local, o carro passou a desfilar sem som, em respeito ao profissional acidentado que teve sua perna esquerda amputada no hospital. Os atendimentos médicos em decorrência ao abuso do álcool foram caóticos, não havia espaço para atender tanta gente passando mal.


Mesmo assim, o evento foi glorioso, apesar de explorado exaustivamente como palanque político e comercial. É um dia de festa, de protesto, de visibilidade. O presidente da ABGLT, o a paranaense Toni Reis, puxou uma grande vaia aos políticos que barram as leis que buscam maior segurança e igualdade aos gays no Congresso Nacional. Foram muitos os discursos acalorados, que perdem um pouco seu impacto frente ao colorido e corpos dançantes na Avenida.


Como sempre, o evento estava colorido, muita gente animada mostrando as cores da diversidade sexual, maior bandeira do evento. O repórter Mauricio Kubrusly fez para o programa global Fantástico uma matéria acompanhando uma caravana do interior ao evento, de muito bom gosto. Já a Rede TV teve o Mr. Gay Brasil, Luciano Lupo, como repórter do evento. Quem também chamou a atenção foi a travesti que se envolveu recentemente com o jogador Ronaldo e está sendo processada pelo Ministério Público, Andréia Albertini. Políticos, ministros, o prefeito Kassab e muitos em busca dos seus 15 minutos de fama.   


Este ano, a Associação que organiza o evento divulgou que pretende lançar na Bolsa ações do evento, se tornando a primeira Parada Gay do mundo a realizar tal feito. Infelizmente, a maioria dos gays e lésbicas concorda que o evento virou caótico e que a maioria dos que é formada por curiosos. O pessoal mais instruído e munido de dinheiro prefere faltar ao evento que, inevitavelmente, no país do carnaval, já virou festa popular. 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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