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Sobre todas as coisas

Redação Lado A 17 de Junho, 2008 02h58m

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Desisti de boates. O pior é que desisti de boates na mesma noite que decidi ser drag queen. O problema com a minha idéia de ser drag queen é que eu sou masculino demais pra isso, mas eu seria uma ótima drag queen, se fosse super magro, sem pêlos e miasse. Eu acho que mio. Toda bicha mia, não tem uma que não mie. Não adianta vir com essa história de que não, porque, na pista de dança todo mundo bate cabelo e faz carão. Apenas aquelas inseguras de si ficam todas retraidas, e, cuidado heim, isso dá câncer. Isso de ficar se retraindo. Desde os Menudos já se sabe disso (“Não se reprima! Não se reprima! Não se reprima!”).


Eu tenho idéias brilhantes pra shows! Tem alguma drag ai querendo comprá-las? Eu até forneço gratuitamente, desde que com meu nome bem grande nos créditos. Daria até um filme A La Rocky Horror Picture Show ou Pink Flamingo. Sei lá. Algo bem Almodovariano.
Tá, não é tanto assim. Mas eu tenho boas idéias…

Ai, odeio quando eu faço isso, quando eu fujo totalmente do assunto. Mas ouvir muito Las Bibas From Viscaya dá nisso, aliás, se você não acompaha os podcasts de Dolores De Las Dores e Marisa Touchfine (agora Miss Touchfine) vai agora ouvir, é demais! E no último a Dolores “recita” um poema que eu escrevi.

Tá, mas eu desisti de boate porque em Curitiba ou em Vancouver é a mesma merda. O pior é quando é a mesma merda e o DJ é ruim. Ninguém merece DJ ruim. Eu acho que, além de virar drag queen, vou dar um curso de 1 dia de DJ. Aliás, de 2 minutos. O curso será o seguinte: Você pode ser o DJ mais malandro da galáxia, mas ninguém tá lá pra ouvir o que você quer ouvir. Porque, nem a DJ Estrela é tão estrela. Ah, trocadilho idiota. Odeio DJ estrela (não A Estrela, fique bem claro). Esses DJs que tocam o que querem. Não entendo.

Tá lá você, lindo, loiro, japonês e DJ. Tá tocando suas músicas de rock industrial alemão e percebe que só tem um drogado na pista, dançando sozinho, fritando com uma garrafinha de água mineral no bolso e sem camisa. Daí, claro, você continua tocando músicas que ninguém quer ouvir… Por que isso? Tá, tem aquela coisa de cada DJ tem um estilo e blá blá blá. Tudo bem. Super digno, super aceito. Mas mesmo entre os estilos tem as músicas que ninguém quer ouvir a não ser você.

Vou virar DJ só pra ficar tocando trilhas sonoras. Adoro trilhas sonoras. Do filme Chicago, do jogo Bust A Groove 2, do filme Charlie and The Chocolate Factory (o remake), do jogo Final Fantasy, e, ÓBVIO, músicas dos jogos Dance Dance Revolution e Pump It Up!. Super acho que deveria existir uma balada só com músicas de Dance Dance Revolution e Pump It Up!. Imagine que show dançar Beethoven Virus, Another Truth, Butterfly, Hazy Mazy Cave Remix, Captain Jack, etc, etc, etc, etc, etc e etc. Por que quantos DDR´s existem? Infinitos, infinitos. Eu acho que eles até perderam as contas, porque não colocam mais números e sim coisas do tipo “Super Nova”, “Super Nova Remix” e coisas do gênero.

Mas não, o DJ toca músicas ruins, e pior, remixes ruins de músicas ruins, ou seja, o que era ruim fica péssimo. E que mania é essa de fazer remixes eternos? Acho que o único remix eterno que eu aceito é Cha Cha Hills, que tem 11 minutos ou mais. Outra coisa, porque existe VJ? Além de DJ ruim também colocam um VJ coco? Por quê? Por quê? Por quê? Sinceramente, se você se dignifica a ser VJ, vai fazer um curso. Vai aprender a montar suas próprias imagens, ou seja lá o que for que chamam aquelas coisas psicodélicas que eles jogam n´um telão mal iluminado. Parem de usar samples do Windows Media Player. Parem de baixar samples na internet. Parem tudo e vão aprender a fazer os seus próprios.

Acho que a única vez que vi um VJ decente foi na Cat´s. E faz anos que não vou pra Cats. Ainda existe? Nem sei. Já que tá tudo acabando né? Época mudou de nome, Meet fechou (finalmente), 100% fechou (há anos, infelizmente, gostava daquele buraco).

Lembram daquelas boates que duraram 3 meses? Nossa. Ice, The Cage, e aquelas milhões de boate na Dr. Muricy, toda semana abria uma, e no mesmo lugar. Ah, eu quero ter uma boate. Porque se até o Wonka faz sucesso, e é uma bosta de um lugar preconceituoso do inferno, porque o meu lugar não daria certo? Tenho idéias maravilhosas, alguém quer entrar de sócio? Entra com o dinheiro que eu entro com os planos brilhantes.

Bom, o Manolo Neto disse que o Wonka mudou, ele está com um projeto lá, acho que nas sextas ou sábados, tocando, e reza a lenda que tá arrasando. Bom, eu confio no Manu. Vão lá.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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