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II Paraná Business Collection Surpreende

Redação Lado A 05 de Agosto, 2008 21h59m

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O evento de moda em sua segunda edição já está arrancando aplausos até dos mais céticos. Com novidades e talentos nas passarelas, o evento é promissor em mostrar a moda feita no estado, sem bairrismos, e trazer o que mais importa para o mercado da moda: as vendas. Tudo isso sem deixar de valorizar as pessoas, as criações e o sotaque  paranaense.


Grandes surpresas até o momento. No primeiro dia, Jefferson Kulig, curitibano consagrado no SP Fashion Week e internacionalmente abriu o evento na segunda-feira. Com muita tecnologia e sensibilidade ele retratou a mulher moderna, com direito a muitos recortes a laser nos tecidos, perolizados, metalizados e protótipos de chapéus. Depois foi a vez da poderosa marca Lafort trazer Marcele Bittar, nascida em Guarapuava – PR, de volta às passarelas curitibanas com muitas pedras e estampas geométricas. O primeiro dia foi das mulheres poderosas e empolgou o público presente formado de jornalistas, compradores e convidados.


O segundo dia, mais ainda, superou as expectativas. O jovem talento Fabio Bartz aliou o Pop ao universo de Cartola, da Mangueira, e criou peças leves e chiques sem sair da sua característica de criar uma coleção de identidade forte. Abusando de listras e quadriculados sem cair no clichê, Bartz levou de ternos de cetim a sungas minúsculas à passarela que foi decorada com uma grande caixa de fósforos. Em seguida, a grife All Purpose esbanjou atitude com uma linha jeans masculina em que se destacavam camisetas com frases como: “Free Tibet” e “Allergic to stupid people”. O terceiro desfile da noite foi da marca Lucia Figueredo que trouxe uma coleção muito animada, com peles, muitos tecidos resinados e um caimento cheio de movimento. Destaque para a trilha do desfile, feita ao vivo por um quarteto de cordas que deu um ar medieval ao desfile, aberto por um vestido super volumoso e armado.


Três modelos que posaram para a capa da Lado A estavam desfilando neste dia: Diogo Nicolleti, Jhonatan França e Eduardo Fiorindo, capa da edição que chega este fim de semana. O comediante Diogo Portugal, que em breve viaja ao Japão, também apareceu para gravar para o seu quadro dominical do programa televisivo Revista RPC. Desta vez ele encarnou o Dani, Danificado, um fashionista gay super divertido e atrevido. O salão Jean Louis David, nosso anunciante, estava cuidando do visual dos desfiles do segundo dia.

Dia três, dia Osmose. A marca apresentou sua coleção com toda a sua característica: orgulho próprio e muitos exageros. Impressionante os catálogos da marca, que tem um grupo inteiro e é uma verdadeira potência. Neste dia desfilaram as marcas Osmose e Six-one, ambas do grupo Osmose, com presença dos atores globais Sergio Marrone e Rafael Cardoso, respectivamente.


O evento é mais um sucesso dos produtores Nereide Michel e Paulo Marins da OX Assessoria em Moda com apoio da Fiep e Sebrae. Patrocinado pela revendedora de veículos Sulpar/Honda e pelo Sesi o evento tem muito a crescer se entrar algum apoio governamental ou de grandes indústrias da área têxtil. A moda do Paraná, os acadêmicos e os consumidores agradecem, afinal além de gerar empregos, este evento valoriza nossa cultura, nossa identidade e nossos profissionais.

Vale ressaltar as belas exposições que ficaram no longe do evento no Centro de Exposições Horácio Sabino Coimbra (Cietep). Entre elas o trabalho claramente inspirado no oriente do premiado estilista recém formado Cláudio Pádua Rodrigues chamava a atenção por sua leveza e riqueza de detalhes. Já o vestido que rodou o mundo em projeto idealizado pelo fotógrafo Daniel Sorrentino tem um ponto curioso: em Milão, o assistente do fotógrafo foi “a modelo” do ensaio. A peça rodou 13 países, foi clicada por 20 fotógrafos e passou quase um ano viajando.


No quinto dia, Ronaldo Silvestre trouxe sua coleção super colorida e bem estruturada para a passarela do Paraná Business Collection. Chamou a atenção a feminilidade das peças, todas rebuscadas com detalhes e acabamentos perfeitos. Depois foi a vez da grife Raffer mostrar um homem moderno e harmonioso em suas criações em esporte fino, com muitas listras, brilho e charme total inspirado no Tango. Já a Beluska trouxe muito movimento, tingimento artesanal em várias peças, seda e florais, com o tema fundo do mar. O resultado foi uma coleção confortável, agradável aos olhos, leve e super verão.

No sexto e último dia, foi a vez da entrega do desejado prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers de Moda, em sua quinta edição, este ano apresentado pela jornalista Mary Schaffer, a estatueta foi para Rodrigo Orizzi de Oliveira, do curso de Design de Moda da Universidade Tuiuti do Paraná. O desafio deste ano, que reúne os cursos de moda do Estado, foi elaborar obras inspiradas na bandeira do Estado do Paraná. O prêmio foi entregue pela primeira-dama Maristela Requião e inclui uma viagem à Itália com uma comitiva de empresários do estado.

Para fechar a semana de moda, Silmar Alves evocou a santa pagã Maria Bueno e encheu a passarela de rosas vermelhas. Com uma coleção rica em detalhes, o desfile foi um grande resumo do evento, mostrando talento e autenticidade, sem perder o foco comercial. O estilista apresentou propostas de criações ousadas, mesclando técnicas e tecidos. O pessoal levou as rosas para casa, como devem ter levado um pouco mais de conhecimento.


Conclusão
A moda paranaense está crescendo. O setor tem capacidade produtiva, talento, criatividade e dá o seu jeito. A moda paranaense não deve nada a nenhuma outra mas sofre com o preconceito de ser local. Marcas como Puramania, Osmose, entre tantas outras grandes fazem mais sucesso fora do estado. Estilistas locais brigam pela falta de apoio e igualmente são mais reconhecidos lá fora. Caso do estilista Jefferson Kulig, que abriu o evento. Resiliência é a grande lição. A capacidade de reverter as adversidades e dar a volta por cima. De não perder o foco e insistir.

O evento, em sua segunda edição, já trouxe bons frutos: 4,5 milhões de reais em negócios no showroom do evento. 80% a mais que na primeira edição. O talento dos produtores também foi destaque nesta edição. Os modelos mais uma vez também fizeram seu papel muito bem. Falta o Governo investir mais no evento, mais empresas locais participarem da iniciativa, atrair a mídia internacional/nacional e alguns outros pontos. Mas é bonito ver a nossa moda crescendo e aparecendo. O Paraná tem tudo, só é preciso criar os mecanismos e entrar no seleto mundo da moda. Mérito para isso já tem, agora só falta uma estratégia e ações nessa direção.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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