Andrielly Vogue, 31 anos, é travesti e está muito bem assessorada no Partido dos Trabalhadores. Figura polêmica, já participou de diversos programas populares de TV onde denunciou preconceito por parte de policiais. Participa sempre das paradas e tem um grande carisma, embora sua candidatura em si seja conturbada, ela pretende representar a todos. Para se ter uma idéia, no último ano, Adrielly presenciou as sessões da Câmara como observadora, foi mais presente que alguns dos parlamentares. Força de vontade ela tem.
Entrevista
Quais são suas propostas?
Andrielly Vogue – Quero lutar por políticas públicas que combatam a discriminação, fortaleçam a pluralidade e a diversidade e acabe com toda forma de preconceito e racismo. Além disso, vou propor orçamento e lutar para a criação de uma casa de apoio aos portadores do HIV, disponibilizando tratamento, acompanhamento e informações para a prevenção.
Por que se candidatou?
Andrielly Vogue – Quero entrar na Câmara de Vereadores de Curitiba para mostrar para nossa sociedade que as minorias querem e merecem ser ouvidas. O preconceito e a discriminação existem sim em nossa cidade e precisam ser combatidos. Minha vida é pautada pela defesa dos direitos humanos e pelo combate a qualquer forma de preconceito.
Como surgiu a idéia de ser política?
Andrielly Vogue – Porque é fundamental que a comunidade LGBT também seja devidamente representada. Nossa luta é para garantir que todos tenham garantidos seus direitos de cidadãos. Lutar contra o preconceito e a discriminação também é lutar por todas as pessoas. O povo tem que ser respeitado.
Em sua opinião, por que não há representantes homossexuais assumidos eleitos na cidade?
Adrielly Vogue – Acredito que a discriminação e o preconceito que nossa classe enfrenta ainda seja uma barreira muito forte para que mais representantes do movimento LGBT possam assumir cargos públicos.
O que faz para atrair eleitores?
Andrielly Vogue – Luto por uma causa justa. Minha candidatura é pautada pela busca do respeito à diversidade. Quero mostrar que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são cidadãos sim e merecem respeito. Por isso, por lutar por uma causa de milhares de curitibanos e brasileiros, acredito que minha candidatura será vitoriosa nas próximas eleições.
Já sentiu preconceito por parte dos cidadãos?
Andrielly Vogue – Convivo todos os dias com o preconceito e a discriminação. Já fui vítima de agressões por causa da intolerância de algumas pessoas. Por isso, há muitos anos sou ativista dos Direitos Humanos em Curitiba e procuro orientar pessoas que buscam um atendimento digno por parte da Justiça, pois, como eu,elas também sofreram com a violência a que
estamos expostos.
Como é a relação com o partido?
Andrielly Vogue – Resolvi sair candidata pelo PT porque este é o único partido que se propõe a nos enxergar como cidadãos íntegros. Neste ano, o governo federal promoveu a 1ª Conferência Nacional LGBT. Isso foi um grande avanço para o nosso setor, já que este é o primeiro governo a discutir a nossa identidade e o preconceito que enfrentamos diariamente. Sem dúvida, com o Governo Lula, o Brasil tem avançado muito em relação aos direitos dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.
Já sentiu preconceito por parte do partido?
Andrielly Vogue – O Partido dos Trabalhadores respeita as pessoas, independente de opção sexual, credo ou raça. Isso é muito importante para construirmos um país mais justo para todos. Respeitar as diferenças é respeitar o ser humano.
Acha que gay vota em gay?
Andrielly Vogue – Acho que numa eleição, o eleitor não deve votar em gay só porque também é gay assim como também não deve votar em professor só porque é professor ou em médico só porque é médico. Antes de tudo, o eleitor deve procurar conhecer a história do candidato e suas propostas. Um candidato, para ser sério, deve ter compromisso com as causas pelas quais luta e defender os interesses da sociedade que irá representar.
