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O amor está no ar

Redação Lado A 16 de Janeiro, 2009 18h30m

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Nós, pais, às vezes reclamamos do modo com que os filhos nos tratam. Aqui em casa não é diferente, temos nossos altos e baixos. Queremos os filhos sempre nos obedecendo, que façam sempre o que queremos, e nos esquecemos de vê-los como seres humanos independentes. Cada um tem seu caráter, características e diferenças, por isso, são passiveis de erros, mesmo porque são jovens e muitas vezes imaturos.


A intimidade, a proximidade e a rotina geram muitas situações. Sufoca quando não sabemos respeitar os outros e seus espaços.
E quando tentamos impor à força as “regras” que achamos certas, ou tentamos mudá-los e transformá-los no que queremos, sem tentar entendê-los, está declarada “a guerra”, ou simplesmente eles se afastam de nós.


Esse aprendizado pode demorar, mas podemos abreviar esse tempo, esse sofrimento, dialogando, nos aceitando mutuamente. Dou como exemplo meu caso. Tenho três filhos, mas com o mais novo coloquei mais em prática tudo que havia aprendido.


Se aprendermos a ser mais tolerantes, a compreender mais, aceitar os outros como eles são, sem recriminar sempre, enfim sem “pegar no pé”, o outro lado agirá da mesma forma.


Desde pequeno o meu filho mais novo sempre demonstrou muito afeto e carinho por mim e recebeu tudo em dobro. Mesmo assim, impossível negar que houve horas em que senti que eles (meus filhos) desejavam ver a mãe (eu) pelas costas, que desejei que déssemos um tempo, mas foram nesses momentos mais difíceis que sentimos precisar demais um do outro, descobrindo uma afetividade, carinho, amor e necessidade mútua.


Estou voltando de uns dias de férias e lá senti muita falta dele. Gostaria que estivesse comigo, compartilhando tudo, pensei: isso  é  coisa  de  mãe  coruja. E me  surpreendi  com  suas  mensagens e ligações de “onde  você  está?” e “não  deu notícias, quando  volta?”. Assumo que fiquei feliz, orgulhosa dele ter esse carinho, afeto por mim e olha que só foram quatro dias, longe um do outro.
Sempre quis que minha presença fosse querida e meu sonho é realidade: meu filho sempre quer que eu saia com ele, em eventos, passeios, cinema, jantares e baladas. E ainda ouço isso: “VAMOS MÃE, SEM VOCÊ NÃO TEM GRAÇA’’. É pura emoção ouvir isso dele e dos amigos conquistados ao longo de um trajeto difícil e ao mesmo tempo tão construtivo e maravilhoso.


Nossos filhos são diferentes, têm maneiras diferentes de expor seus sentimentos. Meus filhos sempre foram afetuosos, só não sabiam demonstrar como meu filho caçula, que é homossexual, pois eles são mais afetuoso e agradecidos quando são tratados de igual pra igual, respeitados e quando sentem que são amados de verdade, aceitos por inteiro, sem restrições.


Todos aprendemos juntos. Nós podemos fazer a diferença em nossa própria vida, tornando-a maravilhosa. Estamos aqui para sermos felizes e fazer com que as pessoas sejam felizes. Basta ouvir nosso coração, que é sempre sábio.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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