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DJ e produtor Gustavo Scorpio (RJ)

Redação Lado A 22 de Janeiro, 2009 01h56m

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O DJ e produtor carioca Gustavo Scorpio tem 27 anos e recentemente se apresentou em Curitiba. O carioca chegou e mostrou que sabe animar uma pista, e muito! Com produções próprias em ritmo vibrante, ele impressionou os curitibanos.  Abaixo, confira sua entrevista exclusiva para a Lado A e um Top 10 com as músicas mais tocadas no set do DJ no momento.

“Os DJs geralmente não confessam para não parecerem antipáticos mas nada irrita mais do que pedidos de música, especialmente na hora que o DJ está mixando e precisa de atenção redobrada”.

Como foi o início de sua carreira como Dj? O que despertou essa paixão?

Sempre gostei de música, desde criança e mais tarde especificamente da eletrônica, não somente da que se faz hoje, mas desde as bandas que usavam sons sintetizados já nos anos 80 como New Order, Soft Cell, Information Society, Erasure, e outros, passando pelo house old-school no finalzinho dos 80, dance nos anos 90 até as mais atuais. Comecei a baixar músicas apenas por curiosidade e como grande fã e clubber que sempre fui. Por mais que eu gostasse de vários estilos de música eletrônica e ouvisse muito Trance, na época eu ainda não havia me encontrado realmente em uma vertente, até que me apaixonei pelo House e sabia que tinha me encontrado. Comecei a pesquisar esse tipo de música apenas como colecionador, até que em 2004 a paixão falou mais alto e eu resolvi fazer um curso para aprender a tocar. O que era curiosidade virou hobbie e hoje em dia é profissão.

Quais são suas influências dentro da cena eletrônica?
Ouço de tudo um pouco principalmente o house americano que é a grande influência que se encontra nas pistas brasileiras, mas atualmente eu tenho me encantado com a simplicidade e a força das batidas do house europeu, o que tem modificado bastante o meu set que está deixando de ser somente marcado pelo tribal. E ainda por cima eu não larguei completamente o trance e acho que ele traz uma melodia muito bonita para as músicas e tem material muito interessante que me inspira principalmente na hora de produzir.

Como é o teu processo de produção? O que te inspirou na produção da música “Bailando”?
Eu adoro o som melódico, alegre, com menos batida e mais instrumentos de harmonia. Quem conhece minhas músicas percebe claramente isso. Eu vim da cultura do Trance onde a melodia dos teclados é extremamente importante, por isso meu som quase sempre incorpora elementos deste estilo. Minha forma de produzir acabou se destacando no Brasil por causa disso, já que poucos fazem essa linha. A maioria dos produtores se preocupa mais com as batidas, já eu construo melodias complexas.


Não gosto que a minha música fique com uma cara só, gosto de surpreender e pra isso eu sempre crio minhas músicas realmente do zero, como um pintor em uma tela branca, testando coisas e idéias, que acabam ficando boas e eu vou seguindo sem roteiro pré-definido. Bailando veio da minha tradição de sempre ter ouvido música tradicional latina. Eu tenho essa influência porque sempre ouvi ritmos como salsa, merengue, mambo, bolero, e outros que sequer se ouve falar no Brasil.

A America Latina é muito rica nesse sentido musical e é uma pena que o Brasil só tem olhos pra música e os ritmos que vêm dos EUA. Mesmo sem essa cultura, por aqui qualquer música que se toque com um elemento mais “caliente” faz a pista ferver com certeza e eu achei que eu tinha que trazer esta minha influência para as pistas.

Scorpio, você é contratado para tocar em todos os cantos do Brasil. Você modifica o teu set dependendo da região que está tocando? Como faz a escolha das músicas?
Há coisas que dizem respeito ao meu estilo, gosto pessoal e também há as minhas produções próprias que acabam dando uma cara individual ao meu set, mas obviamente cada região do país tem uma cultura de noite diferente e os ouvidos estão acostumados a sonoridades diferentes. Eu posso dizer que 50% do meu set se mantem e 50% do set vai de  acordo com a resposta do público que é o maior termômetro. É certo que em cada cidade eu tenho um set diferente. Eu acho que o DJ tem que ter personalidade e imprimir uma marca própria, senão não haveria razão da minha vinda de outra cidade para tocar, mas eu também acho que o house é um estilo tão rico que eu não preciso me limitar a um roteiro de músicas ou uma linha específica de sonoridade. A grande questão é que estar preparado para tocar bem e agradar diferentes públicos envolve um trabalho de pesquisa muito mais difícil para o DJ e sair da sua casa e encarar uma pista nova é sempre uma surpresa e para fazer um bom trabalho é preciso estar preparado pra tudo.

Você estuda psicologia, isso influencia em suas produções e/ou na sua carreira de DJ?
Até hoje só me ajudou a encarar com mais paciência e serenidade algumas das desventuras da carreira de DJ que às vezes exige muita paciência.

O que foi o teu maior pesadelo tocando? Algo te irrita?
O meu pesadelo certamente é o de qualquer DJ: equipamento ruim. Quando o equipamento está defeituoso, seja o retorno, caixas de som, mixer, CDJs, não tem profissional que consiga trabalhar bem. Os DJs geralmente não confessam para não parecerem antipáticos mas nada irrita mais do que pedidos de música, especialmente na hora que o DJ está mixando e precisa de atenção redobrada. O DJ pensa o set de uma maneira sequencial, que faz alguma lógica, e se você for atender todos os pedidos de cada um que está na festa você vira um mero tocador de CDs, ou uma jukebox.

O que o Gustavo faz no seu dia-a-dia?
Estou no 7o período da faculdade de psicologia, durante a semana estudo todos os dias de manhã e atendo alguns pacientes na faculdade. À tarde tenho que tratar da saúde e da imagem na academia. Mais de noite divido meu tempo entre pesquisar música e produzir. Antes de dormir sempre pego algum livro pra ler até chegar o sono. Nos fins de semana é onde eu me jogo. Apesar de ser carioca, não sou de praia. Gosto mais de programas culturais como cinema, teatro e exposições.

Todas as formas de arte sempre estiveram envolvidas em minha vida. Quando não estou tocando frequento alguns clubes e festas para prestigiar os amigos DJs e saber o que anda sendo tocado. Festa pra
mim nunca é totalmente divertimento, sempre tem um pouco de trabalho, acho que é mal de DJ.

Como foi tocar no México? Como são os Mexicanos?
Bom, é difícil explicar com palavras como foi, o que dá para dizer é que foi incrível. Em um primeiro momento eu fiquei bem nervoso já que foi a primeira vez que eu toquei fora do Brasil. Tocar em cidades diferentes no país já é dificil porque o DJ nunca sabe o que esperar, que dirá em um país diferente. Todas as festas que eu toquei estavam bem cheias e foi legal notar que várias pessoas até de cidades diferentes tinham viajado só para me ouvir. O fato de eu ser produtor fez a diferença, já que mesmo antes de chegar lá eu já era conhecido e já criava expectativa nas pessoas. Posso dizer com toda a certeza que me senti em casa. Às vezes, esquecia que estava fora do Brasil. Na verdade estar na America Latina faz com que tudo seja muito semelhante para nós. Um povo muito quente e com uma comida muito gostosa. Eles são um pouco mais abertos a novas sonoridades, não vão pra noite para ouvir o que já está no seu iPod em casa. Gostam de escutar novas músicas e se forem boas dançam como se fosse um hit. Se você for pra lá ficar tocando a mesmice de sempre eles torcem o nariz, é uma cultura que eu gostaria muito que o Brasil tivesse.

Qual foi a sua impressão de tocar em Curitiba?
Bom, já foi minha segunda vez em Curitiba já com vontade de ir pela terceira e ver se dessa vez consigo conhecer a cidade. Todos me receberam com muito carinho novamente e recebi o feedback do público depois do meu set, coisa que eu dou muito valor. Dessa segunda vez acho que já tinha passado o nervosismo e eu já tinha o feeling da pista de Curitiba, então notei que mais pessoas vieram falar comigo com muitos elogios, o que me deixa extremamente satisfeito. Durante o set pude sair do som convencional com muita segurança e com gritinhos na pista, o que mostra que foi muito bem aceito e que Curitiba não deve muita coisa para a cena de RJ/SP.

Quais são os teus planos futuros?
Basicamente meus dias têm sido sentados na frente de um computador e continuarão assim. Sempre ouvindo música feito um louco para ter bastante material para fazer sets cada vez melhores e também estudando para melhorar a qualidade das minhas produções. Além disso, eu tenho muitos remixes para produzir tanto para lançar pelo meu selo, a Intelecto Records de SP, como também para artistas estrangeiros e coisas que estão sendo lançadas no mercado pop já que são essas que divulgam o meu trabalho e fazem com que cada vez mais as minhas faixas toquem pelas noites afora.



TOP 10 Gustavo Scorpio – janeiro de 2009
1 – Lady GaGa – Just Dance (Gustavo Scorpio)
2 – Coldplay – Viva la Vida (Gustavo Scorpio)
3 – Sonique – It feels so good (Gustavo Scorpio)
4 – Jordin Sparks Ft. Chris Brown – No Air (Gustavo Scorpio)
5 – Cherish Feat. Young Joc – Killa  (Gustavo Scorpio)
6 – John Paul Young – Love Is In The Air (Gustavo Scorpio)
7 – Santa Esmeralda – Don´t let be me misunderstood (Gustavo Scorpio)
8 – Lanfranchi & Marchesini – Boys & Girls (Marchesini & Farina)
9 – Jason Rooney – Shake your body (Alex Gaudino)
10 – Kerli – Walking on Air (Ralphi Rosario)


Agendamentos / Bookings: info@djgustavoscorpio.com
MySpace: www.myspace.com/scorpiodj



A coluna Conexão DJ tem o intuito de aproximar mais o público com o DJ. Dar a oportunidade ao profissional de contar mais sobre suas histórias, curiosidades e projetos e ao público a possibilidade de conhecer mais sobre a pessoa que comanda as pistas e anima as festas.



Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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