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Fidelidade = Utopia?

Redação Lado A 09 de Março, 2009 18h20m

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Um amigo pediu para eu falar sobre fidelidade. Confesso que fiquei confusa quanto à fidelidade nos dias atuais, mas acredito sim na fidelidade, mesmo que seja temporária. Acredito que ela está diretamente ligada ao Amor. Encontrando o amor verdadeiro, somos fiéis. Pelo menos isso funciona na maior parte do mundo feminino, e além do Amor, um caráter forte, discernimento entre o certo e errado, e até culpa, nos fazem fiéis.

E o que falar da fidelidade no mundo gay? “Homem por natureza é infiel” escuta-se muito essa frase, mas não podemos levar como regra geral. Se acreditarmos que isso seja total verdade, é perder as esperanças em encontrar um relacionamento homossexual perfeito, com amor eterno, só poderia então ter relacionamento durável entre duas mulheres, que são consideradas muito mais fiéis.

O desejo de todos é ter um relacionamento pleno, onde a fidelidade é algo inerente, comprovada, quando um tem pelo outro uma plena confiança, como se só existissem os dois, que se “bastassem” totalmente, não só em fidelidade sexual, mas em tudo, no dia a dia, em atitudes e companheirismo.

Se deixarmos de acreditar que existe fidelidade, provavelmente, não iríamos mais nos relacionar, acabaria a vontade e necessidade de formamos casais, pares amorosos, descrença total. Seria muito triste. Pois somente iríamos usar uns aos outros para obtermos prazeres.

Há muitas pessoas descrentes por aí, que sofrem muito.
Então temos que resgatar aquele tipo de “relacionamento antigo”, mas que ainda persiste, onde tudo tem pretensão de ser para sempre, onde os casais têm “algo” que os torna especiais, fazendo com que se respeitem incondicionalmente, é quase uma religiosidade, uma norma, que não pode ser quebrada, e se o for gera, culpa, mal estar, cometem um “pecado”.

Hoje, isso ainda existe, mas em menor proporção, ficou banal ser infiel, e a consciência, o respeito pelas pessoas por onde anda?

Eu e muitas outras pessoas não conseguimos ser infiéis, somos fieis sim. E achamos que a infidelidade de qualquer forma é imperdoável, principalmente se for de quem diz que nos ama, é uma traição, que deve ser rejeitada.
 
Minha experiência me ensinou, que quando o infiel se gaba do que faz, comentando freneticamente de suas aventuras, sem se importar com os sentimentos de seus companheiros, mal sabe ele que sua credibilidade será abalada, e que sofrerá desse mal também. Na maioria de casos de infidelidade, o infiel, com o passar do tempo, acaba sofrendo mais do que o companheiro crédulo, correto.

Como os relacionamentos de hoje em dia são mais curtos (o ficar) e levados mais só pela parte sexual, a fidelidade praticamente acabou, mas vamos amar mais, conhecer mais a essência das pessoas, que iremos voltar aos bons tempos em que a confiança fazia a diferença, e voltaremos a sermos feliz.

Acredito que esse é o desejo de todos nada melhor que termos alguém ao nosso lado que nos ame, nos complete e em quem confiamos e inspiramos confiança. Frase de um querido amigo gay meu: “Não acreditava que poderia ser fiel, hoje em dia, em um relacionamento estável, vivo a fidelidade diariamente e sou correspondido.”

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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