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Dr. Drauzio Varella defende saúde das travestis em sua coluna

Redação Lado A 14 de Abril, 2009 19h13m

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No último dia 11, foi publicada na Folha de São Paulo, na coluna do Dr. Drauzio Varella, uma matéria muito interessante intitulada “Homens que são mulheres”. O assunto tratava do preconceito vivido na pele pelas travestis. Para Drauzio o preconceito pelo qual passam as travestis é mais pérfido do que os vividos por negros, índios, pobres, homossexuais, garotas de programa, mendigos, gordos, anões, judeus, muçulmanos, orientais e outras minorias.


A sociedade não somente despreza as travestis como também age em certos momentos até mesmo com violência. A coluna cita que as travestis vêm de uma camada mais pobre da sociedade, em sua maioria. Que a homossexualidade sempre existiu, porém as travestis vêm sempre de famílias mais humildes.


Lendo a matéria, fica clara a diferença entre se nascer gay numa família rica e nascer numa pobre. Sendo rico, um filho afeminado poderia ser artista plástico, empresário, costureiro, profissional liberal, mas sendo de uma classe mais humilde torna-se logo marginalizado, execrado pela sociedade, como se fosse um lixo.


No texto, o médico questiona uma grande verdade, quem dá emprego a um homossexual pobre? “Se para os mais ricos com diploma universitário não é fácil, imagine para eles. O máximo que conseguem é lugar de cozinheiro em botequim, varredor de salão de beleza na periferia ou atividade semelhante, sem carteira assinada”. O médico chega a citar os problemas de saúde vividos pelas travestis que com poucos recursos acabam injetando silicone de carro no próprio corpo.


O temido silicone industrial ainda é o recordista em número de mortes de travestis no Brasil. A falta de informação aliada ao baixo recurso ainda são é o maior causador de óbitos entre travestis no país. Ainda na matéria é abordada a questão do vírus da Aids entre as travestis, e os poucos hospitais que realmente estão capacitados para atender e entender este paciente diferente. “Os hospitais públicos deveriam ser obrigados a criar pelo menos um posto de atendimento especializado nos problemas médicos mais comuns entre os travestis. Um local em que pudessem ser acolhidos com respeito, para receber orientações sobre uso e complicações de hormônios femininos e silicone industrial, prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e práticas de sexo seguro”.


Drauzio encerra a matéria de sua coluna com uma pergunta bastante pertinente: “Que autoritarismo preconceituoso é esse que lhes nega acesso à assistência médica, direito mínimo garantido pela Constituição até para o criminoso mais sanguinário?”.

Parabéns ao Dr Drauzio Varella que de forma hábil e verdadeira abordou um assunto tão marginalizado pela sociedade. Temos que discutir todo e qualquer tipo de assunto sem nos atermos aos paradigmas e preconceitos enraizados.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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