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Deusa da Guerra: A vida de Charlotte von Mahlsdorf

Redação Lado A 26 de Maio, 2009 21h32m

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Poucos conhecem a vida deste fabuloso ser humano que foi Charlotte von Mahlsdorf. Uma pessoa que desde muito cedo já conheceu o viés amargo do preconceito. Charlotte foi uma travesti nascida em Berlim em 18 de março de 1928 e foi batizada com o nome de Lothar Berfelde, filho de Max Berfelde.


Max era membro de um Partido Nazista. Extremamente conservador desde cedo, seu pai queria transformar o filho em um soldado. Foi por inúmeras vezes ofendido pelo pai autoritário. As brigas eram constantes pois Lothar ou melhor Charlotte já se via desde cedo com trejeitos femininos.


O desfeixo desta história com seu pai teve um final trágico, Charlotte acabou matando seu pai enquanto dormia. Após permanecer por várias semana em uma clínica psiquiátrica, Charlotte ainda teve que cumprir quatro anos de detenção por delinquência juvenil. Após a detenção, já liberado, o ainda Sr. Lothar passou a assumir sua sexualidade e se vestir como mulher então adotando o nome de  Charlotte von Mahlsdorf.


Charlotte era apaixonada por objetos de decoração desde muito jovem, foi então que passou a colecionar e guardar objetos do cotidiano de casas bombardeadas durante a Segunda Guerra Mundial. A coisa deu tão certo que tempo depois ela já abria seu próprio museu. Neste mesmo prédio que abrigava o museu, mais precisamente no porão, Charlotte também comandava um clube gay. Perseguida e humilhada, por várias vezes teve seu museu fechado.


Até que em 1991 o museu sofreu um ataque de neonazistas onde vários dos visitantes acabaram sendo feridos. Em 1995, o museu de Charlotte foi oficialmente fechado e ela então mudou-se para Suécia, onde levou vários de seus pertences que serviram para a inauguração de um novo museu no ano de 1997.


A notável guerreira acabou falecendo de um ataque cardíaco em uma de suas visitas à Berlim, no ano de 2002. Charlotte já foi tema de uma adaptação para cinema, o nome do filme é “Ich bin meine eigene Frau”, cuja tradução seria “Eu sou minha própria esposa”.


Outra adaptação de sua vida e obra aparece também nos palcos de teatros, aqui no Brasil ficou famosa na interpretação do ator Edwin Luisi que soube dar vida à personagem, a peça foi ganhadora do 20º Prêmio Shell de Teatro em 2008 e recentemente passou por
Curitiba. 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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