Pesquisadora fala sobre animais homossexuais para revista Época

Em estudo realizado pelos biólogos Nathan Bailey e Marlene Zuk, da Universidade da Califórnia em River Side está agitando o meio acadêmico. A pesquisa já foi publicada no periódico Trends in Ecology and Evolution (Tendências em Ecologias e Evolução) e debate a questão do sexo homossexual entre animais. Em entrevista para a revista ÉPOCA desta semana, a bióloga faz uma série de conclusões e esclarece o que para muitos parece impossível de se entender: que assim como nós humanos, os animais também trocam de parceiros em muitos casos.

Por meio de experimentos, os biólogos descobriram que é comum no mundo animal a homossexualidade e que há vários motivos, como a falta de um parceiro do outro sexo ou a necessidade de formar alianças ou até criar um filhote.

Para Marlene, o sexo homossexual no reino animal pode permitir que os animais passem seus genes para frente, mesmo não participando de um acasalamento heterossexual, tendo assim um papel na evolução da espécie. A bióloga comenta na entrevista que a “precipitação” das pessoas em classificar o comportamento homossexual em algo anormal, é falta de informação, pois este comportamento pode trazer, vantagens e benefícios para a espécie.

Marlene explica que, de certa forma, podemos comparar o comportamento homossexual entre os humanos com os dos animais porque como outros animais, os humanos têm várias formas de passar seus genes para frente, tanto diretamente, tendo filhos, quanto indiretamente, fazendo algumas coisas para favorecer o crescimento de seus sobrinhos ou netos, por exemplo.

Por outro lado, não é possível comparar, porque os outros animais não apresentam parcerias entre dois machos ou duas fêmeas para a vida toda. Quando questionada a respeito de que ser gay é genético, respondeu: “A maior parte dos biólogos acredita que todos os comportamentos, seja um relativamente simples como o jeito que a pessoa anda, até os extremamente complexos, como a orientação sexual, têm origem na combinação dos genes e do ambiente. Assim, a procura pelo “gene gay” é simplificada demais, assim como a idéia a de que vamos encontrar uma fonte social para isso.”

Os mistérios do comportamento humano estão longe de serem desvendados, podemos entender melhor quer há uma complexidade em cada orientação sexual. Ao menos no reino animal, tirando o ser humano, o preconceito é inexistente.