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Ser ou não ser… eis a questão!

Redação Lado A 13 de Agosto, 2009 23h19m

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Olá queridos amigos e leitores. Começo minha coluna quinzenal com a celebre e imortal frase da peça de Hamlet: “Ser ou não ser, eis a questão.” Talvez o próprio Shakespeare não imaginasse que sua imortal frase viajasse no tempo e fosse tão bem utilizada nos dias de hoje. A referência é clara e eu pergunto: – Devemos ser assumidamente gays nos dias de hoje?


A dúvida parte de uma série de acontecimentos que temos visto diariamente em jornais, na TV, revistas, sites, enfim, uma montoeira de fatos que agridem não só nossa cabeça mais também a alma. É deputado bêbado causando mortes de inocentes, ex-policial matando gays, psicóloga que promete a cura, é tanta coisa que acaba sendo difícil aceitarmos o que realmente somos.


A questão surge já na infância, quando somos interpelados por uma educação baseada na cultura masculina e machista, vinda dos primórdios da civilização. Já disse isto aqui e reafirmo, crescemos moldados de acordo com o que nossos pais querem que sejamos. Mas será que vale mesmo a pena assumir o que somos de verdade?


Sempre digo para sermos aquilo que queremos ser, assumir nossa sexualidade e exorcizar aqueles que condenam. A vida é bem mais fácil quando assumimos para nós mesmos o que verdadeiramente somos.


O esteriótipo do homem gay afeminado e muitas vezes caricato está a toda hora pipocando em nossas mentes e em versões fracas de tele-novelas já ultrapassadas, o conceito é sempre o mesmo: o gay que é cabeleireiro ou maquiador, que usa roupas justas e coloridas, cabelos sempre picotados, voz fina e trejeitos apelativos.


Que existe este tipo de gay, sim, existe, não podemos e nem vamos aqui julgar ninguém. Agora, o gay é muito mais do que só isso. Chega de compararem o homossexual a um esteriótipo afetado e muitas vezes, porque não, grosseiro. Aproveito o gancho para dizer que conheço muitos homens casados, com filhos e gays, claro, não assumidos, mas gays, gays de alma e coração. Se vivem bem ou não, não compete a mim dizer.


Portanto sempre digo a quem me pergunta se deve assumir ou não: faça um breve resumo de sua vida até agora, sem pensar em 5 segundos diga se viveu bem até aqui, se a resposta for sim, então não assuma. Como diz Zeca Pagodinho em uma de suas músicas, deixa a vida me levar… é a melhor coisa a fazer. Se está bem, pra que mexer em time que está ganhando.


Acho digno e muito justo quando alguém assume o que é e mostra para as outras pessoas que o gay pode e consegue chegar longe. Agora, temos que respeitar aquela maioria que não pode ou não quer por algum motivo assumir sua sexualidade. O importante é viver bem e feliz, o resto vem com o tempo.


Aliás, vivemos dias tão conturbados que qualquer exposição maior pode ser um risco, tanto para saúde mental quanto física. A vida é boa e deve ser vivida em sua plenitude. O limite de cada um é relativo então se você quer assumir para todos o que verdadeiramente é esteja preparado(a) para enfrentar as dificuldades que certamente virão, afinal, infelizmente, o mundo não está preparado para aceitar o quão especiais somos e podemos ser.


Respeito e dignidade se conquistam, a luta é árdua e longa, mas lembrem-se sempre de que sem luta não há vitórias. Bom, fico por aqui a pensar…Ser ou não ser..eis a questão… Salve Shakespeare!



 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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