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Coco Chanel

Redação Lado A 08 de Julho, 2010 14h28m

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Este texto é continuação de “Nessa terra de gigantes, homem de biquíni é?”, que você pode ler aqui: http://tinyurl.com/2bjo84o

Coco Chanel, entra na alfaiataria, chiquérrima e visionária, dizendo: “Mude isso, esse tecido não, o outro!” Lógico que a pergunta que sempre acompanha ou preconceito ou a falta de entendimento da mudança, seja ela qual for seria o belo, direto, culposo, intimador, ‘por quê’ ? Da maneira que só ela soube falar: “Porque é confortável, me lembra um pouco Flores de Algodão, loja luxo!” Em todos os exemplos dos livros, as mulheres que se vestiram de homens no cinema encarnaram personagens marcantes, com problemas reais que só puderam ser resolvidos quando elas assumiram a identidade de homem. Mesmo quando o filme era uma comédia, as mulheres travestidas de homens não eram, em nenhum aspecto, apresentadas como eram apresentados os “homens palhaços”, toma alguns, Jerry Lewis, Os Irmãos Marx, Lou Costello, Tony Curtis, Jack Lemon e Cary Grant. No caso desses personagens, o uso de vestuário feminino é sempre feito no contexto de situações embaraçosas, becos-sem-saída em que até mesmo o “ato desonroso” de vestir-se de mulher passa a ser aceito. Para o público, não era de maneira alguma a opção mais desejável, aqui cabe mais um uó, mas era o único jeito. E isso faz com que a situação dos protagonistas apareça como hilária.

Será que a Lúcia, pode ser João? A maioria das pessoas nunca vai encontrar nem será apresentada a um crossdresser. Definitivamente, nenhum crossdresser pode culpar as pessoas por terem uma concepção tão errada do que é crossdressing, afinal não existe culpa, apenas cultura. Mas e o que dizer a respeito da comunidade gay? Posso afirmar que nos meios gays não existe aceitação ampla e irrestrita dos crossdressers. Ao contrário do pensamento das massas, orientação sexual não está inerentemente conectada com gênero, assim como a imagem do homossexual afeminado é apenas um estereótipo. Ainda que mais e mais organizações de gays e lésbicas estejam adotando políticas de inclusão dos chamados “transgêneros”, eu ainda não acredito que, ao nível de política de relacionamento pessoal, um gay ou uma lésbica sejam particularmente inclinados a aceitar um crossdresser, digam isso da Bianca.

Gabi? Gabi? Murilo? Murilo? Ah sei lá, to confuso, estranho, considerar que como pessoas, crossdressers são esposos, pais, empregados, empregadores, profissionais liberais e proprietários de negócios. Cuidam das famílias, educam seus filhos, pegam onda, fazem sexo…
Meio Joana Darc, escutei uma pequena voz dentro da cabeça. Uma voz que a chama, tentando conduzir para um lugar seguro dentro dela mesmo, onde a individualidade possa desabrochar e crescer de maneira segura, calma e auto-sustentada. Onde eu possa viver com ela mesma, do jeito que ela acha que deve ser: Então libere seus sentidos…visão, audição, tato, paladar e olfato.

Chega! Não quero julgamento, não quero não!  Diga-me quem eu sou, o que eu devo ser… não mate a Gabi e muito menos o Murilo, vou continuar amando a Lúcia, a Senhorita Gaga ainda será linda e sexy, arrasa nos garotos de salto altos e temáticas CD, no clip Alejandro, não me diga o sentindo do meu eu. Será que você tem um sentido de si mesmo quando deixa outras pessoas dizerem a você quem você é, o que você é, o que você deve pensar, como você deve se sentir? Você pode distinguir entre idéias originais e pensamentos que surgem de dentro de você mesmo e que refletem a atividade do seu “self” ou você permite que de alguma forma as idéias e as palavras de outras pessoas se transformem nas suas próprias?

Um forte sentido de si mesmo torna-se indispensável quando percorremos um caminho diferente, que a maioria à nossa volta considera inadequado, desonroso e uó.

Um forte senso de si mesmo é absolutamente essencial quando participamos de um grupo ou organização que prescreve regras muito rígidas de como seus membros devem ser e agir. A pressão para se conformar a essas regras e condições choca diretamente com nossa noção do que somos como indivíduos. Pense nisso: Um forte senso de si mesmo!

Pera aí! To lendo um livro, “A Casa dos Budas Ditosos”, a mulher fala do peido e todo mundo peida. Não vou deixar a Gabi mesmo que ela peide. A Lúcia peida fedido, silencioso, eu não ligo, amo ela. Será que poderei amar o João se ele existir? Murilo e João, Lucia e Gabi, ai!? Acho que deu confusão! Vou comer feijão, meus pais irão gostar disso? Ah lembrei! Eu brincava de carrinho, nunca gostei da Barbie, me deu gases, pera aí, pronto, também peido, culpa do feijão, ok, tem gente que peida e rasga a cueca, lembrei de um lutador.

No modelo transexual, usar vestuário feminino faz com que a imagem exterior coincida com a imagem interior. Crossdressers, por outro lado, não buscam a autotransformação em mulheres no sentido definitivo do termo. Assim, a imagem interior permanece masculina enquanto a exterior se transforma em feminina. E daí? E eu ainda vou acrescentar mais. Quer saber a maquiagem e roupa melhora a aparência de qualquer um, homem ou mulher. O Serginho esta na Globo, a Dimmy também esta na Globo…acho que vou contar pra Lúcia, afinal se eu der pra ela minha calça…é apenas boyfriend… quem sabe ela não me entende, aproveito e peço o biquíni camuflado, ela pode e eu não posso?

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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