O Censo Demográfico 2010, pesquisa nacional, realizada a cada 10 anos, procura fazer um levantamento completo dos 58 milhões de domicílios no Brasil. Este ano o Censo trará algumas novidades. Dentre elas, questões sobre se a família fala algum idioma indígena, se há alguém morando em outra cidade brasileira ou no exterior e se o entrevistado mantém relação homoafetiva.
As entrevistas começarão no dia 1.º de agosto e irão até 30 de outubro. Nesses três meses, espera-se que mais de 3,8 milhões de domicílios sejam visitados no estado do Paraná e entre mais de 610 mil apenas em Curitiba. O Censo é a pesquisa de maior abrangência em todo o país e serve para dar subsídios para a criação e o aprimoramento de políticas públicas nacionais.
Outra novidade deste ano será a forma com que os resultados serão registrados no momento da abordagem. Abolindo os questionários de papel, os recenseadores – pessoas responsáveis pela pesquisa treinadas pelo IBGE – estarão munidos de aparelhos modernos como palmtops e netbooks – computadores ultraportáveis. Para isso, o governo investiu cerca de 1,4 bilhão de reais. Embora a modernização não acelere o tempo para o resultado ser publicado, em média dois meses após a conclusão das entrevistas, a vantagem será no cruzamento de dados, segundo Eduardo Pereira Nunes, presidente do IBGE, em entrevista para a Folha Online.
A questão referente ao grau de relacionamento com o entrevistado com o proprietário, ou responsável pela residência, sofreu alteração para que o Censo possa identificar quantos são os casais homoafetivos no Brasil. Anteriormente o questionário tinha entre as opções a resposta “cônjuge”, agora com 20 opções de resposta está a opção “cônjuge do mesmo sexo” e “cônjuge de sexo diferente”.
“Já dialogamos uma série de políticas públicas. É importante que tenhamos dados concretos para embasar e qualificar o debate na construção dessas políticas públicas”, declarou o coordenador do Grupo Arco-Íris Julio Cesar Moreira ao Bom Dia Brasil, da rede Globo.
Campanha
Preocupado com a possível resistência dos gays em se declarar homoafetivos aos recenseadores Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABLGBT – estará recomendando a todas as suas afiliadas no Brasil que incentivem através das Paradas LGBT, redes sociais e nos demais eventos a divulgação da campanha “IBGE… se você for LGBT, diga que é!”
Só serão contabilizados os casais homoafetivos que declararem morar no mesmo domicílio em união estável. “Quando os(as) recenseadores(as) baterem em sua porta e você for “casado(a)” com uma pessoa do mesmo sexo, diga que é. É importante que nós ativistas e governo tenhamos dados concretos para construirmos políticas públicas”, disse Toni Reis, presidente da ABGLT, em comunicado.
O IBGE já utilizou questionários com questões sobre a união estável entre pessoas do mesmo sexo em alguns municípios no Censo anterior, mas esta será a primeira vez que a pesquisa será realizada em todo o território nacional. A Contagem da População pelo IBGE, em 2007, realizada em cidades pequenas, registrou 17.560 pessoas que declararam ter união estável com seu companheiro do mesmo sexo. Desta forma constatou-se que a maioria das uniões é de homens gays. Do total, 9.586 são homens morando com seus parceiros, enquanto 7.974 são de mulheres.
