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Futebol está mais tolerante à homossexualidade

Redação Lado A 28 de Julho, 2010 21h53m

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O futebol culturalmente sempre foi um esporte voltado aos homens, e estes, em sua grande maioria, heterossexuais. Durante mais de um século, quase nunca se ouvir falar de gays no futebol ou relacionar a homossexualidade com o esporte. Um dos primeiros casos que tomou repercussão internacional foi o do jogador britânico Justin Fashanu que assumiu sua orientação sexual em 1990 e cometeu suicídio em 1998.


Mas de acordo com uma pesquisa realizada na Grã Bretanha pela Universidade de Staffordshire, o futebol inglês se apresentou extremamente receptivo e tolerante à homossexualidade no esporte. A pesquisa conduzida por Ellis Cashmore, professor de cultura, mídia e esportes, e Jamie Cleland, especialista em sociologia, apontou que 93% dos mais de 2 mil torcedores que responderam à enquete on-line consideram que no futebol não há espaço para a homofobia e acreditam que haja, de fato, jogadores gays não assumidos em times no país.


“Por muito tempo, os torcedores foram caracterizados como se fosse Neandertais, o tipo de macho primitivo que acredita que a homossexualidade ainda é um tabu. Na verdade, eles mudaram”, disse o professor em entrevista à agência internacional de notícias Reuters. “Temos uma nova geração de fãs, e incluo técnicos e jogadores nisso. Eles não se importam tanto com a orientação sexual de alguém. Claro, os atletas convivem com um pesado legado. Seria bastante difícil um jogador assumir ser homossexual no auge de sua carreira”, concluiu.


Atualmente sabe-se que o esporte que impere no gosto dos brasileiros não é exclusivamente heterossexual. Prova disso é copa de futebol gay realizada anualmente pela Associação Internacional de Futebol de Gays e Lésbicas. Fora esse evento esportivo, o mundo também já presencia o Gay Games, este ano realizado na Alemanha, e o famoso World Out Games, realizado em Copenhague em 2009.


O resultado que surpreendeu os ingleses parece estar meio distante de se tornar realidade no Brasil. Pois, a cultura brasileira insiste em tomar a expressão “veado”, relacionada à homossexualidade, como um xingamento e é pronunciado muitas vezes com o intuito de ofensa. Quem costuma ir aos jogos em estádio ou assistir aos jogos pela televisão contendo alguma concentração de torcedores, certamente ouvirá em algum momento a expressão sendo proferida por alguém e muitas vezes direcionada aos juízes da partida.


No Brasil alguns casos envolvendo homossexualidade ficaram conhecidos. Em 2007, o então jogador do São Paulo, Richarlyson, teve sua heterossexualidade altamente questionada no país. Mas, ainda que para muitos fosse evidente que o jogador fosse gay, Richarlyson sempre negou. Contudo, deveria haver, em minha opinião, uma pesquisa que revelasse quantos gays gostam de futebol e tem interesse de ir aos jogos e qual é a percentagem dos torcedores que são indiferentes aos homossexuais no futebol.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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