Arquivo

Quando eu conheci o Hamid no Guarujá

Redação Lado A 18 de Agosto, 2010 19h55m

COMPARTILHAR


Eu estava passando uns dias no Guarujá, a “Pérola do Atlântico”, com objetivo de fugir de casa e ir para um lugar onde eu não conhecesse ninguém, para relaxar um pouco. Sozinho, três dias comigo. E a praia escolhida foi a do Tombo, como não consegui ficar nas praias particulares foi essa a escolhida… No primeiro dia, cheguei e fui pegar uma praia, apreciar a paisagem e os freqüentadores locais. Pesquisa de campo sempre foi uma boa, nunca se sabe quando pode aparecer algo divertido, socializar com os “nativos”. Eu estava um legítimo turista – com cadeira de praia, bronzeador, livro, óculos e chegando de roupa. Me instalei perto de um quiosque.

Vi um grupo de homens com duas mulheres entre eles e reparei que eles não olhavam para nenhuma outra que passava por perto, nem mesmo para as que estavam com eles. Isso poderia ser um bom sinal. Li por algum tempo o livro que havia ganhado de presente da minha querida amiga Tuly (ela sempre dizia que o personagem deste livro era a minha cara, personalidades semelhantes, quem me dera a parte física também, “…alto, esbelto, rosto romântico, cor de azeitona e expressão de fadiga..”)!

Eu estava distraído e acertaram minha água e também a mim de lambuja com uma bolinha de frescobol. Veio um gato correndo e se desculpado. Bronzeado, cabelos curtos sem corte, barba por fazer e corpo malhado.


– Me desculpe cara!


– Imagina não foi nada, era só água.


– Não molhou seu livro? O que está lendo? Parece antigo…


“O que está lendo?!” Estranho isso…


– Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, edição de 1953…


O sorriso estampado no rosto dele me dizia que ia rolar uma aventura no começo da noite. O rapaz foi super bacana e me convidou a se juntar ao grupo deles mas eu recusei e disse que o livro estava muito bom e que queria ler mais um pouco. Perguntei o que tinha de bom para se fazer sozinho por ali mais tarde e recebi um convite para jantar no apartamento deles, que era próximo de onde estávamos. Trocamos telefone, seu nome era Hamid, um descendente de árabes de corpo liso, perfeito! Pouco tempo depois, eles foram embora e Hamid veio se despedir e confirmar se eu iria. Já no final de tarde era hora de voltar para o apartamento e me preparar para ir jantar ao encontro do pessoal da praia.

Ele morava a quatro quadras de onde eu estava e o prédio ficava de frente ao mar. Passei no mercado antes, pois mamãe ensinou a sempre levar algo quando se é convidado para jantar. Nada que um bom merlot e um lambrusco não resolvam. Estavam todos muito divertidos, a comida maravilhosa e o ambiente também. Comer em uma varanda no Verão, com uma vista maravilhosa é muito bom. Aos poucos, todos foram desaparecendo, ficamos Hamid e eu na sala, bebendo vinho e fumando narguile com arak.

Ele tirou a camiseta e me perguntou:


– Por que você não fica mais a vontade?


– Para ficar mais a vontade aqui nessas almofadas no tapete é só tirando a rou…

Ele me beijou. Que maravilhoso sentir aquele corpo próximo do meu. Deitei sobre ele e tirei a minha camiseta e começou a tocar no player Natacha Atlas, “I put Spell on You”. Ele disse que amava essa música. Então estava na hora de eu enfeitiçá-lo! Beijei sua boca novamente pressionando meu corpo sobre o dele. Ambos ficamos excitados. Ele começou a descer com sua língua pelo meu peito, brincando com meus mamilos e enchendo a mão. Continuou deslizando sua língua por meu abdômen, até chegar onde queria. Eu estava sentindo muito prazer. Aquela boca estava me levando à loucura. Ele voltou deslizando a língua pelo centro do meu abdômen, pescoço, queixo e me beijando. Sentados, juntei-o sobre meu corpo, segurando seus cabelos curtos com força e beijando com intensidade. Beijei seu pescoço por trás. Era a minha vez de deslizar minha língua. Comecei por suas costas, ele foi abaixando e se apoiando sobre suas mãos e abaixando sua cabeça na almofada. Mordi sua marca da sunga, brincava com seu corpo enquanto colocava a camisinha. Estava dentro dele e o puxei para trás, beijava sua boca e suas costas, enquanto o comprimia junto ao meu corpo. Eu deslizava minha mão sobre seu peitoral, ouvi ele gemer e pedir mais com aquela voz sussurrada e rouca em francês. “Ne s´arrêtent pas”. Não pare!

Tudo era digno de muito prazer, principalmente sua pele extremamente macia e com um leve cheiro de baunilha. De repente parou, virou e olhou nos meus olhos, fez um sorriso safado e me empurrou sobre as almofadas. Ele subiu sobre o meu corpo e começou a mexer seu quadril em perfeita sincronia com a nossa respiração. Eu estava tonto com tanto tesão. Ele me beijava e segurava minhas mãos acima da minha cabeça, me dominando e me beijando. Ele começou a gemer mais forte e gozou em cima de mim sem se tocar, continuou e em pouco tempo eu cheguei ao auge. Gemi alto e meu corpo tremia, pois ele não parou de imediato, parecia gostar de ver eu me reagir daquela forma. Passou uma toalha na minha barriga e dormimos nas almofadas…

Acordei com o sol no rosto, levantei e fui tomar um banho. Pensei no monte de coisas que eu queria fazer na cidade. Hamid ainda dormia, saí em silêncio. Estou na porta do elevador com o corpo ainda molhado, pois não tinha toalha e de sunga, com as minhas coisas no braço, e a porta do elevador se abre. O Hishan está com um saco cheio de pães nas mãos e me pergunta com ar de surpresa:

– Não vai tomar café conosco?


– Putz, quero fazer um monte de coisas e estou atrasado, fica para a próxima!


– Ok, na próxima eu quero brincar com você e meu namorado, ok?

Minha expressão deve ter sido impagável, dei um selinho e em seguida um sorriso de canto enquanto entrava no elevador, apertei a botão do térreo… Depois, fiquei pensando na proposta… não é que seria uma boa idéia…

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

COMPARTILHAR


COMENTÁRIOS