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Presente de Aniversário

Redação Lado A 11 de Setembro, 2010 00h18m

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Abandonei meu emprego, minha casa, meus amigos entre outras coisas, por uma paixão. A paixão que eu senti pelo primeiro cara com quem transei. Voltei para minha cidade natal, Curitiba, e no primeiro dia já tive uma decepção, a primeira de muitas. Eu era o outro ou mais um, mas o que eu sentia achava ser amor, e resolvi ficar. E o que eu tinha a perder? Nada. Já havia largado tudo, não tinha mais para onde eu voltar.


Era próximo do aniversário do Pedro e ele estava tão ocupado com os preparativos que mal teve tempo para se preocupar comigo e com o seu outro garoto, a quem fui apresentado como amigo, como se é também chamado um amante. Deixei isso acontecer pois sonhava que ele largaria o outro e ficaria comigo, o sonho de muitos, diga-se de passagem. Descobri que se você é o outro agora, será o traído depois. Saí com o “oficial”, Leonardo, para comprar o presente de aniversário do Pedro juntos, o que foi uma idéia perfeita, pois ele tinha um gosto duvidoso. Nos demos bem a princípio, ele tentava descobri de tudo que é forma se eu já tinha tido algo com o Pedro, mas não conseguiu, mas vontade de soltar algo não faltou a todo o momento.


O lugar da festa era muito legal, ele fechou o espaço para seu grande dia, os convidados foram chegando aos poucos, fui apresentado a quase todos, que pareciam já saberem quem eu era. Chegou o Carlos acompanho de um gatinho chamado Daniel, que tinha a mesma idade que eu: 20 anos. Ele tinha aproximadamente 1,70, corpo de garoto, ombros largos e olhos azuis. Rolou um olhar tímido e muito atraente da parte dele e eu o segui um bom tempo pelo salão, mas entre conversas eu o acabei perdendo de vista.


Na hora da entrega dos presentes, eu dei o meu, abracei o Pedro e disse ao meio das felicitações:


– Te espero no mezanino daqui a 20 minutos…


Peguei uma long neck no bar e me direcionei para o garçom e solicitei que não deixasse ninguém subir, apenas o aniversariante. O Pedro foi me ver no mezanino e pude lhe dar um feliz aniversario melhor. Enquanto o beijava, notei que tinha alguém no canto da sala nos olhando. Era o Daniel. Eu estava tão ansioso esperando o Pedro que nem o notei no canto escuro, mas não havia importância, queria aproveitar. O Leonardo subiu e quase nos pegou no flagra e, pelo olhar dele, parecia estar furioso.


-Leonardo, já conhece o Daniel?


Sorri para os três e fui na direção do Daniel que me olhava constrangido e a cada passo parecia tremer. Parei na frente dele e olhei nos seus olhos que estavam arregalados e lhe dei um beijo. Às vezes, um gesto vale mais que mil palavras e esse com certeza nos deixou sem elas, pois o Pedro me fuzilou com os olhos, já o Leonardo deu uma relaxada e os dois desceram. Mas o Pedro não parecia estar muito feliz não, mas foi assistir o show da caricata contratada para o seu aniversário…


Virei para o Daniel e disse:


– Que beijo gostoso, eu quero mais! Ele abaixou a cabeça com vergonha e eu a levantei colocando a mão em seu queixo e o beijei, enquanto o beijava, eu o direcionava com meu corpo em direção a parede. Pressionei Daniel em direção a ela, ele gemia baixinho, e já estava duro. Levantei sua camisa e o beijei na barriga, e ele riu. Olhei para seu rosto e abri seu zíper e eu disse com deboche e desejo:


– Espero que não sinta cócegas com isso…


Ele gemia baixo, se segurava, mas a pressão em seu olhos e suas mãos apertando a coxa me diziam o que ele realmente sentia. Voltei a beijá-lo e ele parecia nervoso, pois tremia muito e isso me deixava mais excitado.


– Está ficando quente, melhor tirar a jaqueta, eu disse.


O ajudei a tirar a jaqueta e joguei em cima da mesa de bilhar, o abracei pelas costas e beijei seu pescoço, apertava seu peitoral com uma mão e pegava o preservativo com a outra e continuei a beijá-lo. Enquanto colocava o preservativo, abaixei sua calça e fui com calma, pois o nervosismo do Daniel estava dificultando um pouco as coisas. Mas com beijos, toques e uma leve movimentação ajudaram. Ele se apoiou na mesa de snoke, apertava a borda com a mão e mordia seu antebraço, ele inclinava o pescoço para trás e soltava o ar aos poucos e com dificuldade, segurando seus gemidos, com medo de alguém ouvir lá em baixo. Ele se masturbava freneticamente e em com seus gemidos notei que ele não demoraria para chegar no orgasmo, tentei acompanhar seu ritmo e ele começou a gemer mais forte. Seus gemidos sufocados me levaram à loucura, não tinha como segurar. De repente saiu um respiração forte e trêmula, fiquei movimentando devagar e sentindo meu corpo todo tremer.


Me vesti e o Daniel timidamente levantou sua roupa e ficou me olhando entre seus cabelos lisos e escuros, com um certo charme, novamente levantei seu rosto, ele fechou os olhos e ficamos nos beijando, abraçados. Começar a tocar uma música animada novamente, então eu disse:


-Adorei te conhecer e esse seu jeito tímido é uma loucura!


Ele novamente me deu um sorriso tímido, não sabia o que dizer, transei com um garoto na festa de aniversário do cara que eu era amante. Eu não poderia dar nada em troca, apenas a lembrança da primeira transa. O que eu podia falar ou fazer?!


– Vamos descer e fingir que assistimos o show, ok? Ele sorriu dessa vez me olhando e parecia saber a situação que nos encontrávamos. Enquanto eu descia com minha cerveja quente em uma mão e o cigarro na outra, o Pedro me olhou com olhar de desaprovador e balançava a cabeça em sinal negativo. Parecia que tinha se formado um corredor de espaço vazio entre ele e eu. A situação parecia estar contra mim, resolvi ir ao bar para pegar mais uma cerveja e ouvi alguém comentar:


– Quem é esse garoto?


– Ele é o amante do Pedro! Você sabe que pode olhar, você sabe que pode admirar e até desejar, mas você não pode ter, sabe como ele é ciumento com as coisas dele. O garoto de São Paulo, é ele…


Achei essa conversa estranha, “as coisas dele”, do que eles estavam falando?! Não demorou muito para eu descobrir. O Pedro simplesmente boicotou o Daniel de vários lugares e com todos os seus amigos o rapaz ficou marcado. Pedro nunca admitiu para o Leonardo que transamos, nem sei se ele descobriu depois que isso aconteceu. Um tempo depois, o Pedro fez questão de convidar o Daniel para uma festa e mostrar sua generosidade, o reintegrando ao grupo…

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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