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E se a Amélia fosse… Um gay?

Redação Lado A 08 de Novembro, 2010 15h52m

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Conhece a Amélia? Aquela que, supostamente, era mulher de verdade? Lembra da música? Um cara reclama que sua mulher atual faz muitas exigências, é consumista demais. Ele é pobre e não pode pagar por todos os luxos que a bonitona quer. Mas ela nem liga. Só quer e pronto.


Por isso mesmo, o pobre rapaz, sente falta da Amélia, sua ex que era simplesinha. E que, segundo ele, passava fome ao seu lado e achava bonito não ter o que comer! Além disso, quando o via contrariado, não esquentava a cabeça e só dizia: “Meu filho, o que se há de fazer?”. Tipo, a gente é pobre sim, o jeito é aceitar e viver desse jeito.


Pra piorar, a tal Amélia não tinha a menor vaidade, ou seja, tinha bigode, pêlos no sovaco e cheirava mal. A música termina com o famosíssimo refrão. Não lembra? Bom, vamos analisar alguns trechos dela:


“Nunca vi fazer tanta exigência”. (Certeza que ele só tinha namorado a tal da Amélia antes).


“Você não sabe o que é consciência”. (E você não sabe o que é ambição, né?)


“Nem vê que eu sou um pobre rapaz”. (Meu filho, ela só quer que você melhore de vida. E faça a vida dela melhorar…)


“Você só pensa em luxo e riqueza”. (Ela não é a única… Eu também, que é pra ver se atraio bons fluídos)


“Tudo o que você vê você quer”. (Também quero quase tudo… Às vezes vejo a Playboy, mas nem por isso quero a mulher estampada nas páginas… Não tenho culpa se as matérias da revista são boas).


“Ai meu Deus que saudade da Amélia”. (Descarado! Cuspindo no prato que come. O ser humano nunca ta contente!) 


“Aquilo sim é que era mulher”. (Ai meu filho, há controvérsias!)


“Às vezes passava fome ao meu lado”. (Ela era anoréxica?)


“E achava bonito não ter o que comer”. (Não, devia usar drogas…)


“E quando me via contrariado, dizia meu filho, o que se há de fazer”. (O que prova que ela era muito esperta! Se falasse alguma coisa sairia com um olho roxo, um dente quebrado e hematomas no corpo todo…)


“Amélia não tinha a menor vaidade”. (Será mesmo? Ou faltavam condições pra um batom Lady Gaga da Mac?)


“Amélia é que era mulher de verdade”. (Sei lá, tenho outro conceito de mulher de verdade…)
“Amélia não tinha a menor vaidade”. (Que repetitivo! Quem não tem vaidade é você! Se relacionou com uma morta-viva dessas e ainda fica chorando de saudade! Eu hein!)


Tudo bem, não há como negar que é um samba bom. Espero que o motivo de seu sucesso seja o ritmo e não o significado da letra. Por falar nisso, e se a Amélia fosse um gay? Como ele seria retratado nessa música por seu ex?


Pra começar o ritmo seria outro. A reclamação sobre luxo e riqueza seria mantida. Haveria muita vaidade, comida da boa, malhação e sexo. Talvez infidelidade. Pensando bem, a versão gay dessa música ficaria muito parecida com um famoso seriado, daí o refrão terminaria assim: “Queer as Folk” é que era um seriado de verdade.


Pois é, muitas vezes a ficção é baseada na realidade. A Amélia deve ter existido. Coitadinha dela!


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Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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