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EUA: Mãe fica famosa ao postar em blog sobre filho de 5 anos que foi vestido de menina no Halloween

Redação Lado A 08 de Novembro, 2010 15h17m

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Uma mãe norteamericana de 35 anos moradora do Missouri, no chamado cinturão da Bíblia, escreveu em seu blog sobre o seu filho do meio Boo que se fantasiou no último Halloween de Daphne, do desenho Scooby Doo. O emocionante post é acompanhado de uma foto do menino, bem feliz, com peruca laranja e botinha rosa.


A blogueira é casada com um policial e mãe de Peanut, 11; Bubba (Boo) – 5; e de Slim – de 3 anos de idade. Em seu post ela conta como se surprendeu com a atitude das mães dos outros meninos e como uma criança de 5 anos de idade tem medo da maldade das outras pessoas. Ela fala de seu papel como mãe e com o provocativo título “Meu filho é gay”, ela narra o qu passou e o que pensa sobre tudo. Confira abaixo a tradução do post que já recebeu mais de 40 mil comentários.



Meu filho é gay


Ou ele não é. Eu não me importo. Ele ainda é meu filho. E tem 5 anos. E eu sou a mãe dele. E se você tiver um problema com algo acima mencionado, eu não quero te conhecer.


Eu fui adiante e para trás no que eu queria postar que seria algo mais profundo sobre o meu menino doce e sua escolha de fantasia de Halloween. Ou, mais especificamente, as reações a esta escolha. Acho que se eu ainda estou irritada com isso passados alguns dias, eu devo igualmente ir em frente e postar meus pensamentos.


Aqui estão os fatos que levaram ao meu relato:


Meu filho tem 5 e vai para a uma pré-escolar de igreja.
Ele ama o desenho Scooby Doo desde que ele desenvolveu a capacidade de sentar e prestar atenção e ficar quieto o tempo suficiente para vê-lo.
Halloween é um feriado e seu foco principal está vestindo um traje.
Na escola do meu filho as crianças tinham que se fantasia, fazer uma pequena parada  e depois trocar as roupas para o resto da festa.
O melhor amigo Boo é uma menina.
Boo tem uma irmã mais velha.
Boo passa a maior parte do seu tempo comigo.
Eu sou uma mulher.
Sou mãe de Boo, não você.
Então, algumas semanas antes do Halloween, Boo decidiu que queria ser Daphne de Scooby Doo, junto com sua melhor amiga. Ele se vestiu como Scooby algumas vezes anos atrás. Eu estava hesitante em comprar a fantasia, não porque era uma situação de troca de gênero, mas porque com 5 anos de idade há tendência a mudar de opinião. Depois do Boo pedir por diversas vezes, eu disse que sim e fiz a encomenda. Ele enlouqueceu quando a fantasia chegou. E era perfeita.


Depois que chegamos mais perto do dia do Halloween, ele começou a se preocupar sobre isso. Depois de alguma discussão ele ficou com medo de as pessoas rirem dele. Eu indiquei que algumas pessoas ririam, porque é era uma fantasia bonita e inteligente. Ele insistiu que as risadas poderiam ser do tipo “tirar sarro”. Eu o dissuadi. Sério, quem iria fazer tirar sarro de uma criança fantasiada?


E então chega o grande dia. Nos arrumamos. Nós deixamos Squirt (o irmão menor, de 3 anos) em sua pré-escolar e seguimos para a de Boo. Ele não queria sair do carro. Ele tinha medo do que as pessoas diriam ou fariam com ele. Eu o convenci a entrar na escola. Ele parou na porta. Ele estava visivelmente nervoso. Eu disse que ele estava preocupado por nada. Sério, quem tiraria sarro de uma criança, fantasiada no Halloween? Então ele entrou. E havia vários amigos meus que sabiam o que ele estaria vestindo, que sorriram, acenaram e bateram em sua mão no ar. Caminhamos pelo corredor até onde sua sala de aula se localiza.


E foi aí que as coisas deram errado. Duas mães ficaram com os olhos arregalados e faziam caretas, ficaram incomodadas. E eu percebo que meu filho está vendo a mesma coisa que eu. Então eu digo: “Ele não está ótimo?” E a mamãe A diz com despeito, “Será que ele pediu isso?” Eu digo que ele sim, para o Halloween que é a época do ano que você pode ser o que é que você quiser. Eles continuam sendo metidos e com sua inquisição como isso era uma opção e não tentei não falar com eles. A Mãe B apenas ficou lá em estado de choque e consternação.


E então se aproxima a mamãe C. Ela estava na sala principal, viu-nos entrar, e nos seguiu pelo corredor até nos deixar saber o que pensa sobre o assunto. E eram  que eu nunca deveria ter “permitido” isso e que graças a Deus não foi no ano seguinte, quando ele estaria no jardim de infância e que eu deveria bater o pé e ter “proibido” isso. Ao que eu respondi calmamente que eu não faria tal coisa e que não imaginava do que ela estava falando. Ela continuou mais e mais a dizer  como dizer as crianças poderiam ser malvadas e como ele poderia ser ridicularizado.


Minha resposta para isso: As únicas pessoas que parecem ter um problema com isso dão as mães das crianças.


Outra mãe apontou que em escolas para crianças mais velhas costumam ter um dia em que as meninas se vestem como os meninos e vice-versa. Mencionei os Jogos Powderpuff  de futebol onde os jogadores se vestem como líderes de torcida e vice-versa. Ou cada garoto de fraternidade, já na faculdade (Uma Mãe disse que seu marido era de uma fraternidade e que NUNCA se vestiu como uma mulher).


Mas aqui está o ponto, não é da sua maldita conta.


Se você acha que eu permitir o meu filho ser um personagem feminino no Halloween vai de alguma forma fazer ele gay, então você é um idiota. Em primeiro lugar, que conceito ridículo. Em segundo lugar, se meu filho é gay, OK. Vou amá-lo nem menos. Em terceiro lugar, não estou preocupada que seu filho vai crescer e se tornar um ninja real, então caia fora.


Se minha filha tivesse vestida como Batman, ninguém teria pensado duas vezes sobre ela. Ninguém.


Mas também foi devastador para mim que o meu doce, de coração bondoso de cinco anos de idade estava certo ao se preocupar. Ele sabia que havia pessoas como A, B e C. E ele, aos 5, estava preocupado sobre como eles receberiam ele e o que aconteceria com ele.


Assim como foi doloroso para os pais que perderam seus filhos recentemente devido ao bullying. Não é legal intimidar. Mesmo se você embrulhar em um arco e chamá-lo de “preocupação”. Essas mulheres estavam a tentar me intimida. E ao meu filho. Meu filho.


É óbvio que eu não abuso ou negligencio os meus filhos. Eles não são perfeitos, mas eles estão aprendendo a navegar por este grande, e por vezes cruel mundo. Eu odeio que meu filho tenha que aprender esta lição em frente de mulheres supostamente cristãs. Eu odeio que as mulheres pensem assim, e pior sentam confortáveis para dizer em voz alta. Eu odeio esse rosa que ainda é chamado de cor de menina e que meu bebê tem que ser tão corajoso, se ele quer ser Daphne no Halloween.


E tudo que eu espero para meus filhos, e aos seus, e aos das mães ABC, é que eles sejam felizes. Se um conjunto de calça roxa brilhante e um vestido de veludo é o que faz meu bebê por uma noite feliz, então que assim seja. Se ele quer levar uma bolsa, ou casar com um homem, ou pintar as unhas com sua melhor amiga, então ok. Meu trabalho como sua mãe não é para abafar aquele homem que ele vai ser, mas para ajudá-lo em seu caminho. O meu trabalho não é ditar o que é “normal” e que não é, mas para ajudá-lo a se tornar uma boa pessoa.


Espero que eu esteja fazendo isso.


E meu pequeno se mexeu naquela fantasia como nenhum outro. Ele balançou a peruca, e eu não iria queria que isso tivesse sido de nenhuma outra maneira.


Confira o original ou mande seu recado em:
http://nerdyapplebottom.com/

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SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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