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Prova no ENEM teve questão sobre preconceito aos homossexuais

Redação Lado A 08 de Novembro, 2010 17h12m

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Em pelo menos uma das provas do Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM, aplicado neste final de semana pelo Ministério da Educação em todo o país, havia uma questão que abordava a homossexualidade e o preconceito. A questão do primeiro dia de prova recebeu o elogio da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), que enviou carta aplaudindo a iniciativa. “É gratificante ver as deliberações da Conferência Nacional de Educação sendo respeitadas, e esforços sendo feitos para contribuir para o cumprimento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBT”, afirmou o presidente da ABGLT Toni Reis em email ao Ministério da Educação (MEC) e ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
 
Apesar da prova mais uma vez ser rodeada de polêmicas (no ano passado houve vazamento da prova e este ano muitos erros como enunciados duplicados), o Ministério da Saúde não pretende anular a prova, apesar da Defensoria Pública da União sugerir a anulação da prova aplicada no primeiro dia, que continha diversos erros e gerou protestos por parte de alunos. O MEC ainda avalia de onde partiram os erros que criaram a confusão.


A questão, abaixo, aborda a expressão “Pecado Nefando” ou o pecado que não poderia ser dito, usado por inquisitores para descrever a homossexualidade no século XVIII. O enunciado fala ainda que em 2009 o Brasil foi campeão de crimes de ódio contra homossexuais e oferece diversas respostas como razão destes crimes. Em tempo, a correta seria D segundo gabarito da prova, “a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância”, embora as outras opções não sejam tão sem culpa assim. Em todo caso, ela claramente “condena” as religiões, já que estas demonizaram historicamente os homossexuais.


Veja a questão:


“Pecado nefando” era a expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia.  Nefandus: o que não pode ser dito. A Assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e, por isso, nefando.


O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no País.


A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão associadas


(A) à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.
(B) à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatíticas relacionadas à violência contra homossexuais.
(C) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos.
(D) a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância.
(E) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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