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Quem tem medo da Classe C?

Redação Lado A 12 de Janeiro, 2011 20h32m

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Formada por mais de 100 milhões de brasileiros, detentora de quase metade do poder de compra das famílias, a Classe C deve chegar a 56% da população até 2014. Ignorados até pouco tempo, os habitantes de lares com renda entre de dois a dez salários mínimos já são os principais consumidores de celulares, turismo, internet e educação. Eles mandam em diversos setores e estão alterando a comunicação de empresas, criando novos produtos específicos e mudando a cara do Brasil.

Para quem torce o nariz, pouco pode ser feito. Sinônimo do avanço econômico e social do país nas últimas décadas em razão do controle da inflação e por meio de políticas públicas como o bolsa família, geração de emprego e valorização do trabalhador, a ascensão da Classe C mudou a pirâmide social brasileira. Se antes a ostentação e o padrão de beleza europeu eram absolutos, hoje eles dão lugar à diversidade, que expressa melhor a pluralidade de raças e níveis socioeconômicos da população do país. A escalada está apenas começando. Investindo em formação e com crédito na praça, acredite, a classe C ainda vai longe.

Então, não adianta fazer cara feia e achar que a balada virou “popular” demais e que deveriam aumentar a entrada para “selecionar”. Ou achar que fugindo para lugares mais exclusivos vai encontrar apenas pares igualmente ignóbeis como você. A classe C chegou para ficar e usa sim marcas desconhecidas, junta seu dinheirinho e curte a mesma balada cara ou produto que você e parcela as compras. Compra carro financiado ou anda de ônibus, mora longe, e trabalha muito. Alguns usam sim falsificações sem se importar.

E, por isso, você vai ter que ver programas de tevê voltados para eles. Eles estão na casa do Big Brother e tem mais comerciais de varejo com pagamento em parcelas. Não adianta se achar superior por ter nascido em berço de ouro, ou por ter sobrenome famoso, por ter renda maior. A classe C chegou à presidência da República com Lula e pode chegar onde quiser. Entusiasmados mas realistas, a Classe C é a prova de que o país se desenvolveu, mesmo com falhas em infraestrutura e pouca tecnologia, submisso ao capital e produto importado. Já somos a sétima economia do mundo, mesmo tendo a Educação, Saúde e Justiça aquém deste posto. Para o Brasil ser um país de primeiro mundo, é preciso que a classe média absorva a classe C e se identifique com ela, afinal, eles são a cara do Brasil.

E, junto, a Classe C traz preconceitos e limitações, mas eles aprendem rápido. Discriminados até pouco tempo e vítimas da corrupção, podem entender melhor a necessidade de mudanças e a criação de padrões sociais mais moderados. O choque cultural porém é inevitável. Com uma cultura própria, a estética, os sons e cores do subúrbio povoam os intocados shoppings centers, os templos do consumo da classe média, outra prova que a invasão já começou. Com a maioria dos votos e queridinhos dos políticos, o futuro do país está nas mãos dos mais humildes.

Não adianta ter medo. É preciso acompanhar o trem da história e entender que a classe C é benéfica para todos. É preciso atenção no futuro, estudar muito e trabalhar, pois em breve, a próxima Classe C pode ser você.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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