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Assista o clipe Born This Way de Lady Gaga com direito a manifesto traduzido e leia crítica

Redação Lado A 28 de Fevereiro, 2011 20h47m

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O novo clipe de Lady Gaga é fortíssimo! Cheio de simbologia, merece uma resenha. O vídeo promocional de Born this Way começa com um triângulo invertido rosa, símbolo da perseguição nazista aos homossexuais e ainda o símbolo da Deusa, do cálice, da mulher. Um unicórnio, a pureza da natureza aparece antes de um prólogo de quase três minutos antes da música começar. Se o unicórnio for tocado, ele morre, e morre também a pureza do mundo, diz a lenda. Gaga ainda aparece em um cubo transparente, que depois de revela um armário. O filme puxa muito ao feminismo, com a cantora de tailleur, mas é mais estético do que ideológico, apesar do manifesto que se segue.


“Este é o manifesto da Mãe Monstro. Na G.O.A.T, Território Alien de Propriedade do Governo no espaço, onde aconteceu um nascimento magnífico e de proporções mágicas. Mas o nascimento não tinha fim, era infinito. Enquanto os úteros se multiplicavam e a mitose do futuro começava, foi percebido que este momento infame da vida não era temporal, mas eterno. E era o começo de uma nova raça. Uma raça que se ergue sem preconceitos, sem julgamento, mas com a liberdade sem amarras. Mas no mesmo dia que a eterna mãe pairava nos versos múltiplos, outro mais amedrontador nascimento aconteceu: o nascimento do mal. E quando ela se partiu em duas, rodando em agonia por causa das forces poderosas, o pêndulo da escolha começou a dançar. Parece fácil, você imaginar, ela gravitar instantaneamente e sem ondas em direção ao bem. Mas ela pensou: “Como eu posso proteger algo tão perfeito, sem o mal?”, diz Gaga.


A cantora aparece na primeira cena com duas caras, simbolizando a hipocrisia, a dualidade humana e depois revela o dilema do bem e do mal. Gaga aparece ainda dançando de lingerie e ainda vestida de caveira, com aplique rosa, ao lado do modelo Rick Genest, o top mais tatuado mundo. Gaga usa em momentos uma máscara, similar a que usou no último Grammy, que deve fazer alusão às máscaras sociais, a ela se sentir de outro mundo. Cenas dantescas, orgias, e clara referência aos filmes de ficção científica estão presentes em todo o clipe. O filme fala mais nas entrelinhas, apesar da letra da música evocar Deus, o direito dos gays e o preconceito aos imigrantes, o clipe leva o mundo real a outro plano, e perde no discurso.


Partes com abuso da tecnologia contratam com outras de produção simples. A estética da edição do clipe remete aos anos 80, bem como o arranjo musical de abertura, as imagens invertidas no momento do nascimento (quantos clipes nos anos 80 não se utilizaram desse recurso) e principalmente quando o clipe acaba, com a imagem da cantora se afastando dentro do triângulo rosa com uma bola de goma de mascar na boca, em um ápice de irônia à sociedade. O clipe é estranho, como tudo o que a cantora faz, mas poderia ter sido mais clean e direto, mas não seria algo que Lady Gaga faria. Note que, ao final, o triângulo rosa não está mais invertido e agora simboliza o falo, o poder masculino.







 


 

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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