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Audiência pública convocada por evangélicos na Alep polemiza programa Escola sem homofobia

Redação Lado A 19 de Abril, 2011 20h15m

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O programa Escola sem Homofobia, do Ministério da Saúde, foi alvo de uma discussão promovida pela bancada evangélica na Assembléia Legislativa do Paraná (Alep) na manhã desta terça feira. Com uma mesa composta de oito deputados e vereadores evangélicos, o suposto kit foi rechaçado pelos presentes, em sua grande maioria ligados às igrejas evangélicas. Com argumento de defender os valores da família cristã e de negar o acesso de informações sobre sexualidade às crianças, que segundo os deputados é um dever educacional dos pais, a audiência teve uma discussão unilateral e sem argumentação, que chegou ao nível de dizer que gays não são família, que Deus fez o homem e a mulher e que o kit promove apologia à homossexualidade.


Atentos que o evento era registrado pelo departamento de taquigrafia, o discurso contra os homossexuais foi controlado e diziam a todo momento a frase “nós amamos os homossexuais” ou que “qualquer tipo de violência é condenável” mas foi deixado claro nas falas que a maioria dos presentes desconheciam o que é um homossexual, um bissexual ou travestis e que acreditam que a sexualidade seja uma opção. Pais, uma psicóloga, e inúmeros líderes de comunidades religiosas usaram o microfone para apoiar os parlamentares que não conseguiram encontrar pessoas a favor do projeto para fazer o contraponto de idéias, objetivo fundamental das audiências públicas. O que impressionou foi a quantidade de jovens com discurso contra os homossexuais e que questionavam a heterossexualidade como desejo divino. “Homem, mulher e filhos, isso é a família brasileira”, disse um deles que foi aplaudido. “Homossexualismo é contra a vida”, dizia uma faixa orgulhosamente empunhada por um grupo.


Em um telão, foram mostrados vídeos que estão na internet e fazem supostamente parte do programa que ainda nem foi finalizado pelo Ministério da Educação, que não se pronuncia publicamente sobre o Escola sem Homofobia até que seja o mesmo esteja concluído. Por isso, não atendeu ao pedido dos parlamentares para enviar representante ao evento, que foi convocado há pouco mais de 10 dias. Segundo o ministério, todo material produzido no Escola Sem Homofobia é voltado aos educadores de segundo grau. A deputada Mara Lima, também cantora evangélica, já elaborou um projeto de lei para a proibição do kit anti-homofobia nas escolas do Paraná. Sem experiência, seu projeto de lei veta que qualquer material produzido por uma Organização Não Governamental seja utilizado nas escolas, o que causaria um retrocesso na educação no estado.


A polêmica se mostrou desnecessária pois ninguém de fato teve acesso ao material que foi desenvolvido depois que foi constatado altos índices de homofobia entre alunos e professores nas escolas brasileiras. A única fala a favor do kit foi do militante Márcio Marins, secretário da região Sul da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGBT), que foi o primeiro a falar depois da mesa. Ele afirmou que o projeto não foi finalizado e que estaria sendo discutido no momento sem ter sido apreciado. Marins lembrou ainda que foi uma demanda aprovada em conferências de educação e que não é voltado às crianças como defendem os deputados. Marins ainda afirmou que ele e seu companheiro são sim uma família.

Apesar da maioria contra o kit anti homofobia, não houve incidentes, apenas um rapaz evangélico que discutia com uma moça sobre o tema abordado foi advertido pela segurança da Assembléia de que todos tem direito à opinião e que, se não deixasse a moça em paz, seria retirado do local. 

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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