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GGB divulga relatório com 260 mortes de LGBTs em 2010

Redação Lado A 04 de Abril, 2011 21h13m

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Um recorde vergonhoso. O Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgou oficialmente hoje o seu Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais, estudo iniciado na década de 80 e que coloca o Brasil como o país com mais crimes homofóbicos do mundo. No ano passado, foram documentados pela organização 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no país, contando apenas os casos noticiados na imprensa e que foram confirmados pelo pesquisador Luiz Mott, antropólogo doutor em sociologia, militante gay vivo há mais tempo na ativa no país e responsável pela pesquisa.


De 2007 para 2010, houve um aumento de 113% no número de registros, em 2010, em comparação com 2009, foram 62 casos a mais. Apenas no primeiro trimestre de 2011, a entidade já havia registrado 52 assassinatos de homossexuais. Dentre os mortos, 140 gays (54%), 110 travestis (42%) e 10 lésbicas (4%).


Entre os estados do Sul, o Paraná lidera a lista, com 15 mortes em 2010, 5 de gays e 10 de travestis. Santa Catarina registrou 4 mortes no último ano, sedo duas de homossexuais e uma travesti e uma lésbica. O Rio Grande do Sul também teve 4 assassinatos, porém foram 2 gays e 2 travestis mortas. O Sul é a região com menos crimes homofóbicos, com 23 crimes no total, em seguida vem o Centro Oeste, com 26. Já o Nordeste é o local mais perigoso para gays, com 112 mortes, seguido pelo Sudeste, com 72 assassinatos.


A faixa etária que apresenta maior risco de assassinato situa-se entre 20-29 anos. As travestis e homossexuais também apresentam maior risco e o interior ultrapassa as capitais em quase o dobro em termos de violência homofóbica. 43% dos homossexuais foram mortos a tiros, 27% com facas, 18% vítimas de espancamento ou pedrada e 17%, sufocados ou enforcados. Vários destes crimes revelam o ódio da homofobia, sendo praticados com requintes de crueldade, tortura, empalamento e castração.


A Bahia pelo segundo ano consecutivo lidera essa lista macabra: 29 homicídios, seguida de Alagoas, com 24 mortes, Rio de Janeiro e São Paulo com 23 cada. Rio Grande do Norte e Roraima registraram apenas um assassinato cada. Alagoas repete a mesma tendência dos últimos anos: é o Estado que oferece maior risco de morte para os homossexuais, cujo número de vítimas ultrapassa o total de todos os estados juntos da região Norte do país. Maceió igualmente é a capital onde mais gays são assassinados: com menos de um milhão de habitantes, registrou 9 homicídios de LGBTs, contra 8 em Salvador (3 milhões), 7 no Rio de Janeiro (6 milhões) e apenas 3 mortes na cidade de São Paulo, a maior do país com 10 milhões de habitantes.



“O aumento de 113% de assassinatos nos últimos cinco anos é genocídio! O Brasil tornou-se o epicentro mundial de crimes contra homossexuais. A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República não implementou em tempo hábil as deliberações do Programa Nacional de Direitos Humanos II, nem do Programa Brasil Sem Homofobia e da 1ª Conferencia Nacional GLBT. O GGBB está enviando denúncia contra o Governo Brasileiro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU), pelo crime de prevaricação e lesa humanidade contra os homossexuais”, desabafa o professor Mott, também criador da lista.


Leia o relatório completo aqui.


Veja fotos de homossexuais que foram assassinados aqui. (Atenção, algumas das fotos foram tiradas na cena do crime)



 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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