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Superliga tem jogo de vôlei histórico com protesto contra preconceito

Redação Lado A 11 de Abril, 2011 19h05m

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Na semana passada, o meia de rede Michael, da equipe Vôlei do Futuro, de Araraquara, São Paulo, denunciou em alto e bom tom o preconceito que sofreu durante uma partida da Superliga, o campeonato brasileiro de voleibol. O jogador se assumiu gay e denunciou a homofobia da torcida do time mineiro Cruzeiro, na cidade de Contagem, que o xingaram durante toda a partida de “bicha” e “veado” em um coro incessante na sexta feira da semana retrasada, dia 1° de abril.


O protesto ganhou apoio do time Vôlei do Futuro, que emitiu nota acusando o time mineiro de ser um mal anfitrião e além da homofobia ainda disse que a equipe mineira não se esforçou para manter a segurança do jogo que foi vencido pelo time da casa.


No sábado, porém, foi a vez do jogo ser em São Paulo e ao contrário de responder na mesma moeda, o time paulista preparou uma verdadeira festa contra o preconceito. Com o líbero do time com uma camisa com as cores do arco-íris, bandeirão gigante contra a homofobia e balões cor de rosa, o vôlei do futuro mostrou que de fato pensa para frente, não apenas no esporte. Antes da partida, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastásia, já havia criticado a torcida do time do seu estado e o comentarista do Globo Esporte, Tiago Leifert, se sensibilizou com o preconceito sofrido pelo jogador e afirmou: “A homofobia, todo mundo sabe, é nojenta, é primata”.


A saída do armário do jogador e o jogo colorido, que teve até o hit “I will survive” tocado como hino no jogo, foi notícia em todo o mundo. O Vôlei do Futuro conseguiu superar o Cruzeiro no último set, no tie break, e um novo jogo decidirá quem fica com uma vaga na final do campeonato. Nesta sexta-feira, as duas equipes se enfrentam novamente em Minas e o vencedor disputará a final contra a equipe do SESI de São Paulo.


“Antes do jogo sabia que teria alguma coisa, mas eu não imaginava o que seria. Antes de entrar em quadra vi a camisa do Mário Júnior e achei muito criativa, mas quando a equipe entrou no ginásio e vi aquele povo todo com os bate-bate com meu nome, com aquela mega bandeira… fiquei emocionado, foi um gesto muito carinhoso”, disse o jogador emocionado. 


O Código Brasileiro da Justiça Desportiva prevê punição para quem “praticar ato discriminatório, preconceito em razão de sexo” e a pena pode ser aplicada ao clube da torcida que praticar esses atos. Os agressores, quando identificados, podem ser punidos com a proibição de frequentar o local dos jogos por, no mínimo, dois anos.

Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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