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Técnico de vôlei Bernardinho fala sobre gays e lésbicas no esporte

Redação Lado A 31 de Maio, 2011 19h53m

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Na última sexta-feira, em entrevista para o jornal Folha de SP, o treinador de voleibol Bernardinho, atualmente técnico da seleção brasileira masculina, falou após quase um mês depois do episódio homofóbico contra o jogador Michel na Superliga – principal campeonato nacional desse esporte. Bernardinho falou que sabe de homossexuais no esporte e de outros casos de homofobia por parte da torcida.

“O Michael, que se declarou homossexual, trabalhou comigo na seleção B. Ele é um cara do bem, bacanérrimo. Adorei trabalhar com ele. O resto não interessa. Ponto. Se o jogador quer pintar o cabelo ou se tem um namorado ou namorada, tanto faz”, afirma o treinador. “Aqui pouco importa se o cara é homossexual, bissexual, transexual, se é branco, preto, amarelo ou roxo. Se ele jogou bem, é um cara correto, vai ter espaço aqui”, afirmou o técnico sobre a saída do armário do meia de rede do Vôlei do Futuro.

“O Michael, quando estava na seleção brasileira juvenil, foi xingado pela torcida jogando no Brasil”, contou o técnico que ainda afirmou que isso já ocorreu também com jogadoras lésbicas. “Tenho jogadoras de seleção brasileira que já saíram de quadra chateadas porque tinha gente gritando sapatão e eu sabia que eram homossexuais” revelou Bernardinho.

Para Bernardinho, o caso de Michael acabou virando um espetáculo e pouco se aprofundou a discussão sobre homofobia. Para o técnico, o uso da camiseta do arco íris pelo líbero do time de Michael, foi um excesso, transformando o jogo em uma parada gay. “O que me preocupa naquela história toda é usar isso de uma forma excessiva e não discutir seriamente a questão do preconceito, transformar aquilo numa parada de apoio aos homossexuais. Vamos combater homofobia de verdade. Eu apoio totalmente. Ninguém pode sofrer preconceito de qualquer tipo. Isso tem a ver com falta de educação, de clareza de ideias. Mas confesso que, ao longo do processo, aquilo pareceu se transformar numa coisa de oportunidade. Usar uma pessoa tão bacana. Não é bem por aí. Será que ele realmente queria expor sua sexualidade naquele momento?”, questionou o ex-jogador que ainda falou de seu primeiro técnico, que era negro e possivelmente homossexual. “A maior noção de igualdade que eu tive quando era garoto foi com meu primeiro treinador, um professor excepcional. Ele era negro e dizem também que era homossexual. E pouco importa. Ele queria me educar e mostrar caminhos. É o Bené. Foi o cara que formou Bernard, Fernandão, Badá. Vários da geração prata passaram por ele. Foi um cara que transformou vidas. O cara é um craque. Era preto, tinha fama homossexual. E aí? Vem falar comigo de preconceito?”, contou Bernardinho.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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