Vereadores de São Paulo fecham acordo e aprovam criação do Dia do Orgulho Hétero

No fim da tarde desta terça-feira, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto de lei 294/2005 que cria no terceiro domingo de dezembro o Dia do Orgulho Heterossexual. A proposta foi formulada pelo vereador Carlos Apolinário (DEM) e foi aprovada pelos 39 vereadores presentes na sessão por um acordo político.

Os vereadores que se opunham à lei não pediram votação nominal, então, apesar de registrarem serem contrários oralmente, os votos não foram contados para não prejudicar a pauta do dia. No semestre passado, quando o mesmo projeto foi obstruído, ou seja, retirado de votação, a bancada evangélica começou a trancar as pautas dos outros vereadores, prejudicando projetos importantes. Desta vez, foi fechado um acordo para que não se votasse contra, para não prejudicar outros projetos.

O projeto de lei agora vai para a sanção do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e, se for sancionado, estabelece a data no calendário oficial do município de São Paulo. O projeto foi argumentado como contraproposta ao Dia do Orgulho Gay, já aprovado na cidade e foi defendida a igualdade dos héteros de terem também um dia para “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”, como diz o texto do projeto de lei.

A criação é uma afronta clara ao Dia do Orgulho Gay, comemorado em 28 de junho, que marca o início do movimento gay moderno, quando homossexuais de Nova York se rebelaram com o tratamento dispensado por policiais em um bar gay da cidade. Uma luta histórica que retirou posteriormente a homossexualidade do rol de doenças, descriminalizou o ato homossexual e que caminha para uma sociedade que respeita a todos. O projeto é extremamente desnecessário, pois heterossexuais não precisam de valorização social em uma sociedade heterossexista, onde não passam por discriminação.

O assunto será levado ao Prefeito Kassab que acabou de fundar o Partido Social Democrata, que de uma forma ou de outra será obrigado a se manifestar sobre a questão. A aprovação do projeto é uma clara armadilha política ao prefeito. Se for esperto, deixará o assunto para a vice prefeita Alda Marco Antônio, do PMDB. De todo modo, a decisão não agradará a todos, pois há aqueles que acreditam que o Dia do Orgulho Hétero é uma questão de liberdade de expressão ou mesmo de igualdade, já que existe o Dia do Orgulho Gay.