Meninos de Vênus, garotos de Marte…

Na Paris inspiradora, sorvetes e refrescos para vivazes monsieurs, petiscos e chope para robustos desbravadores… Deliciosas amizades, inquebrantáveis parcerias. Jovens de pele sedosa, cabelos ao vento e intenções benevolentes deliciam-se com a efusiva, saudável e funcional combinação de frutas frescas, claras de ovos batidas, nozes, açúcar, cremes aveludados, flans vitaminados, waffles crocantes, pudins geladinhos: paladar exploratório e sensorial, para este e para outros fins. Entranhas lubrificadas, defecações pontuais e eficazes: nádegas perfumadas, um convite ao apalpar, provar… Não à fermentação estomacal, flatulência inexistente. Os bravos amigos de espada e chapéu, heróicos, requerem reforços alimentares consistentes, especialmente de origem animal. Instintivamente famintos… A presa, o caçador. Adoráveis brincadeiras em vilas, campos e mares afora, enfim.

O sal reconforta e instiga sono: moléculas “aquecem” o corpo, o calor abranda a atividade celular. Tendência dos esportistas e gladiadores a procurar no esporte um prenúncio ao repouso salutar. Vênus aprecia o lazer para socialização: festas em geral. Preferencialmente regadas a doce glicose de batidas, petit-fours e canapés, cujo açúcar invade corrente sanguínea de imediato. Sangue mais “grosso” e pulsante – quilocalorias recém chegadas estão “sobrando” e necessitam ser “queimadas” na mesma hora.

Madrugadas dançantes, balé, ginástica, ritmo: delicados rapazes agitam-se sem parar. Os capitães diminuem o ritmo, observam, espreitam. Galantes conquistadores a postos nas tabernas, preferencialmente bebendo algo (bem) gelado, para ativar neurônios (“dor” na cabeça ao dar um gole fundo na cerveja glacial, portanto). Risonhos mancebos instigam a leveza, elasticidade e tenacidade muscular em deliciosas coreografias, onde evocam a feminilidade em duas frentes: dança e coletividade. Vênus aprecia a competição de egos, o cérebro necessita não apenas do estrogênio para sua plenitude e constância, mas adrenalina e serotonina, hormônios estimulantes obtidos, também, através do jogo da sedução. Marte, ciente de uma (temporária) má forma física, não esmorece ou deprime-se, apenas se esconde dos (sempre) dispostos rockfellers. Quer não apenas parecer atraente, mas honrar expectativas a seu respeito no que tange ao valoroso orgasmo. O bailarino entrega-se ao honrado espadaúdo, prometendo manter-se passivo diante de investidas não apenas ousadas, como possivelmente contínuas. Obtém espasmos corporais inalcançáveis de qualquer outra maneira solista, misto de conforto, acidez, alívio, com o estímulo do reto em movimentos profundos, suaves, porém consistentes. Gemidos de satisfação atiçam hormônios de sempre atléticos, corajosos – e adoráveis – companheiros alfa, que se dispõem a proporcionar prazer entre risos, manifestações alternadas de cuidado e acuação. Lânguidos garotos suspiram de paixão. Bravos amantes deleitam-se, regozijam-se de satisfação carnal. E pessoal, é claro, afinal, sua estimada capacidade predatória continua em voga.

Vênus detesta cogitar a idéia de engorda; acúmulo de tecido adiposo é o que menos importa aos de Marte, que enrijecem a musculatura: Força, robustez, acréscimo visual de massa. Descanso em constante vigília, fortaleza. Vênus ampara-se e descansa o corpo – sensual vulnerabilidade. Os opostos, a atração: eletricidade. Sexo reconfortante, sexo abrandador.

Doce realidade ou mera fantasia? Tanto faz. No reino encantado do relacionamento, a afinidade é que dita o tão sonhado final feliz.