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Os Gays que o público adora

Redação Lado A 24 de Outubro, 2011 22h43m

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Olá queridinhos! Espero que tenham arrasado nas festas do final de semana.  Hoje quero falar de um assunto do qual comentei em certa ocasião com amigos héteros (diga-se de passagem). Que o preconceito está impregnado na sociedade, todo mundo sabe mas interessante mesmo é que há quem diga que não vê tanta homofobia nos dias de hoje.

Em conversa com um amigo hétero (sim, eu tenho amigos héteros) cheguei à conclusão de que a sociedade adora os gays! Isso mesmo… Pelo menos os da ficção. Já repararam como personagem gay faz sucesso em novela? O personagem mais fresquinho na memória da gente é Áureo de “Morde e Assopra”, interpretado pelo ator André Gonçalves. A novela parecia que ia afundar com baixos pontos de audiência. O que eles fizeram? Pensaram logo em colocar um gay na novela. E deu certo.  A novela das 19 horas ganhou um brilho todo especial e as pessoas assistiram o último capítulo só para ver se Áureo casaria ou fugiria com Josué, o cabra-macho da trama. Em Toma Lá da Cá, uma Irene (bicha velha no Rio Grande do Sul) arrasava no bordão “É Mara!”. Ítalo Rossi já havia interpretado muitos papéis no teatro e TV, mas ficou consagrado mesmo como o seu Ladir Miranda, um bissexual que vivia no seu terninho cor-de-rosa. Em Fina Estampa, Marcelo Serrado incorpora Crô, um afetado que vive com as cachorrinhas de sua madame a tiracolo. Se eu fosse listar todos os personagens gays, certamente iria longe, mas destaquei no momento os que arrancaram muitas risadas do público.

As pessoas adoram os gays por que eles são alegres, entendem os dois lados e são amigos para todas as horas… Certo? Errado! A maioria dos héteros confunde os gays de novela com os da vida real. Primeiramente, eles deveriam se tocar que gay não é palhaço, muito menos humorista. É fácil para o público gostar de um gay na novela, pois o mesmo vive em situações de estereótipo, com cenas hilárias e pitorescas. Gay vive cheio dos bordões que se repetem no meio hetero. Ah, vai dizer que você nunca viu uma apresentadora de televisão soltando o bordão “bafônico”, “arrasa” ou “aloka”? Até ai, tudo ok. O problema é quando essas mesmas pessoas conhecem um gay da vida real e se deparam com uma grande diferença da imagem idealizada. Nem todo gay tem bom humor, é simpático ou honesto. Como ser humano tem muitos defeitos e muitas vezes vivem carentes ou só pensa em caçar (bofes). Um gay é lindo e maravilhoso, mas para muita gente só na televisão. No círculo de amizades delas, nem pensar. Melhor mesmo é manter a amizade à distancia e se divertir com as bibas das novelas.

Bom mesmo seria se o mundo não tivesse rótulos. Falo isso pelos muito gays e héteros que conheço. Sinto-me desconfortável em chegar num local e ter que posar de bicha sempre alegre que nunca tem problemas. Eu trabalho, tenho um coração, passo por altos e baixos, sofro de carência às vezes, adoeço de vez em quando. Aborreço-me e, claro, passo pelos momentos de alto astral, afinal, só maré ruim não cai nesse corpo. Porém, mais que as gays da novela, eu sou real e quero ser tratada como tal.

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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