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Partido Social Cristão discrimina gays até na propaganda partidária

Redação Lado A 14 de Outubro, 2011 17h13m

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“Homem + Mulher + Amor = Família”, afirma o comercial do Partido Social Cristão (PSC), o PSC, exibido esta semana em horário nobre, o que causou desconforto em parte da comunidade gay que sentiu ali um pouco de homofobia. Apesar de discreta, a afirmação do partido corresponde ao posicionamento de vários de seus representantes, muitos deles pastores de igrejas evangélicas. Usando o símbolo do peixe, simbolizando Cristo, o partido quer colocar os ensinamentos bíblicos acima da Constituição Federal, ignorando a separação do Estado e da Igreja, o chamado Estado Laico.

No site do PSC, apesar do discurso de um partido que coloca o ser humano em primeiro lugar, em maio deste ano, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal em reconhecer a legalidade das uniões do mesmo sexo, o partido emitiu nota “repudiando” a decisão da Corte Constitucional. Diz a nota do PSC: “O Partido Social Cristão repudia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que equipara as relações estáveis de heterossexuais e de homossexuais. A Corte Suprema do País adotou uma posição contrária aos anseios da maioria esmagadora da população brasileira”. Zequinha Marinho, do PSC do Pará, foi além: “Duas pessoas do mesmo sexo podem viver juntas o tempo que quiser, trabalhar e criar as mais diversas situações, mas nunca formarão uma família do ponto de vista da Constituição Brasileira, e também do ponto de vista da constituição divina, que é a Bíblia Sagrada.”

O partido defende em seu site a “Família Cristã”, que, segundo eles, baseados na Bíblia, não inclui casais do mesmo sexo. Com esse pensamento, eles apóiam a Marcha pela Família, que pede que a homofobia não se torne crime no país. Eles defendem ainda o direito de menosprezar e discriminar o homossexual abertamente, exatamente como fizeram em seu comercial, buscando respaldo na liberdade de expressão e liberdade religiosa. Quando a presidente Dilma anunciou a suspensão dos materiais didáticos para diminuir o preconceito nas escolas, o partido apoiou a decisão da presidenta e subjulgou o material – decisão, aliás, provocada após muitos dos políticos do PSC terem ataques e ameaçarem o governo. Onde há algum direito sendo reconhecido aos homossexuais, lá está o partido sob a alcunha de defensor da família e das palavras divinas. Outro local onde sempre é possível encontrar o PSC, é do lado que sairá vencedor das eleições. O partido cresce, com seu rebanho eleitoral que ignora escândalos de corrupção como o caso do pastor da Assembléia de Deus e deputado federal do Paraná, Takayama, que contratou funcionários fantasmas quando deputado estadual e pode pegar 12 anos de prisão, se condenado pelo STF.

Membros do partido afirmam que não são homofóbicos, mas que defendem o ponto de vista cristão. Sob o slogan bíblico “Deus fez Macho e Fêmea”, rejeitam o reconhecimento dos direitos dos homossexuais. Como usam a frase missão do partido “O ser humano em primeiro lugar”, logo, rejeitam também a humanidade dos homossexuais. Ora, em outro tempo, um partido político já pregou a superioridade divina. O tal partido excluiu outro grupo, utilizando um poder divino supostamente a eles consagrado e começaram retirando-lhes a dignidade, a humanidade, criticando suas atitudes e negando-lhes que pudessem circular livremente em público – era uma afronta a educação das crianças puras, argumentavam – pois poderiam contaminar a população majoritária e decente. Depois, os concentraram em bairros selecionados para que lá pudessem fazer as coisas abomináveis que tinham como costume. Depois, foram enviados a campos de concentração e mortos em câmaras de gás.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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