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Comunidade gay de Guarapuava assustada com assassinatos homofóbicos

Redação Lado A 22 de Novembro, 2011 20h31m

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Três assassinatos de homossexuais apavoram a população gay de Guarapuava, a 255 quilômetros de Curitiba, de apenas 170 mil habitantes. Todos os três crimes não foram solucionados pela polícia. Nesta quinta-feira, Adriano Felipe Bueno Monte, de 24 anos, foi encontrado morto, sem roupas, amordaçado e com pés e mãos amarrados, em uma pedreira próxima à Rodoviária da cidade. O corpo teria sido jogado do alto do penhasco. A polícia não comentou o assassinato e aguarda o resultado da análise do material recolhido no local. Não é descartada a possibilidade de que o estudante de Filosofia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UniCentro) tenha sido jogado do alto do penhasco ainda com vida. Segundo amigos, ele era homossexual assumido na faculdade.

Ao caso, somam-se as mortes dos jovens Tiago Esteche Rocha Cordeiro, 22 anos, em 2004, e David Rafael Kulak, de 23 anos, em 2003, também estudante da UniCentro. Tiago foi executado com tiros e seu corpo jogado nu, com sinais de tortura, em um precipício na Serra do Cadeado, próximo à rodovia PR-170, acesso ao município de Pinhão. Um telefone furtado da vítima levou a polícia até um suspeito mas o crime não foi solucionado. Já David foi esquartejado e seu corpo encontrado boiando no Rio Pinhãozinho. Um taxista que segundo testemunhas disse que teria matado dois “veados” na cidade foi investigado mas os crimes não foram a julgamento.

Já Juliano Antunes de Lima e Marlon Borges dos Santos, de 17 e 18 anos, não seriam homossexuais, segundo as famílias, mas foram encontrados degolados no Rio das Mortes, em 2004. Como o crime foi na mesma época da morte de David e Tiago, não se descartou a possibilidade de um serial killer estar agindo na região. Crimes como estes chamam a atenção na pacata cidade que tem índice de criminalidade baixo, com meses em que não são registrados nenhum assassinato.

Estudantes da UniCentro e amigos de Adriano se reunirão nesta sexta-feira para protestar sua morte e pedir solução de mais este crime. Segundo o estudante Willian Nathan de Paula, um dos organizadores do movimento “Nada Vai Nos Calar”, os crimes são homofóbicos e é possível que tenham sido cometidos pela mesma pessoa. “Fico pensando quem será a próxima vítima e com medo de andar sozinho na rua”, desabafa o estudante. O protesto será nesta sexta-feira, dia 25, em frente à praça da Unicentro, no campus Santa Cruz, às 18h30.

Com a morte de Adriano, são 10 homossexuais assassinados no Paraná somente em 2011. Em todo o país, mais de 220 gays, travestis, transexuais e lésbicas foram mortos em razão da sua orientação sexual apenas até novembro, segundo dados do Grupo Gay da Bahia.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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