Redação Lado A | 02 de Novembro, 2011 | 19h08m |
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Nas últimas três décadas, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia, houveram mais de 3.500 assassinatos de homossexuais no Brasil, muitos deles provocados em razão da orientação sexual das vítimas. O GGB documentou de 1980 a 2009, 3.196 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no país e nos últimos dois anos houve um significativo aumento destes crimes, somando 198 homossexuais assassinados em 2009, 260 em 2010 e este ano deverá chegar a casa dos 300 homicídios.
Entre estes crimes, estão 17 mortes de pessoas que lutavam contra a homofobia em grupos gays organizados, os chamados militantes. O perfil das mortes dos militantes mostra um panorama da violência contra homossexuais no país. Crimes cometidos com requintes de crueldade, geralmente por armas brancas, nas regiões norte e norteste do país. A maior parte dos assassinatos não foi solucionada, e os crimes foram cometidos em situações em que a orientação sexual das vítimas foi fator relevante para a motivação do assassinato.
Segundo o Grupo Gay da Bahia, o 1º militante gay brasileiro foi Claudio Rodrigues, 35anos, bancário e universitário, fundador do Grupo Libertos de São Paulo. Ele foi encontrado em seu apartamento em avançado estado de decomposição em 1982. A morte foi abafada pela família que não queria divulgar que ele era homossexual. O segundo foi José Albuquerque Porciúncula, Ze Popó, 41, de Olinda, Pernambuco, engenheiro e Fundador do Grupo de Atuação Homossexual de Olinda, o Gatho, foi encontrado afogado na piscina de sua casa por um rapaz de programa, em 1995.
A transexual Brenda Lee, que fundou a Casa Brenda Lee para tranvestis com Aids, foi morta a tiros em 1996 em São Paulo. Já em 2002, Alexandro de Jesus Nascimento, 25, professor de inglês e Presidente do Grupo de Homossexuais do Calafate, de Salvador, foi morto a facadas. A lista segue com as mortes de Marcelo Hidalgo, Presidente do GAPA/DF, Brasília,estrangulado e afogado em 2003. Marcos Andre dos Santos, de Tabuleiro, Alagoas, Vice Presidente do Grupo Gay de Tabuleiro, espancado e alvejado por 10 tiros, no ano seguinte.
O presidente da Associação de Gays, Lésbicas e Travestis do Amazonas, Adamor Guedes, 40, foi morto em Manaus, a facadas, em 2005. A travesti Ana Paula de Porto Velho, Rondônia, 46, Presidente da Associação Projeto Vida, foi morta a tiros em 2006. 21 facadas mataram o doutor em pedagogia e professor universitário Luiz Palhano, de Crateús, no Ceará, militante do GRAB, em 2008.
Em 2009, Gabriel Furkim, Curitiba, ex-coordenador do Grupo Dignidade, foi morto e degolado por um facão quando chegava em casa, antes foi torturado. No mesmo ano, Sabrina Drumond, de São Luis, Maranhão, de 40 anos, Presidente da Associação de Travestis e Transexuais do estado, foi morta a facadas. A colaboradora da ATMS, Associação de Travestis do Mato Grosso do Sul, a travesti Sidney Nascimento, foi assinada aos 30 anos, com golpes de tesoura, em Campo Grande, no ano passado. O cabeleireiro Jésio, Jose Aparecido Moreira Souza, fundador e presidente de honra do Grupo Arco-íris de Rondônia, foi encontrado com a cabeça esfacelada, provavelmente o ferimento foi causado por pedradas, também em 2010.
O ano passado ainda houveram mais duas outras mortes, da travesti Camilee Gerin, de Campinas, do grupo Identidade: Grupo de Luta pela Diversidade Sexual. Morta a facadas e pauladas. E de Iranilson Nunes da Silva, 38 anos, em Itapevi, também no estado de São Paulo, vítima de tiros. A morte mais recente de um ativista gay no país foi a de Carlos Magno Abreu Ferreira (foto), de Macaé, RJ, encontrado morto esta semana em seu apartamento. Ele foi um dos fundadores do Movimento da Diversidade Social, MDS, onde foi diretor sócio-cultural. A família sentiu a falta de Ferreira e, ao arrombaram sua residência, seu corpo foi encontrado com diversas marcas de facadas.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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