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Em pleno dia do Orgulho Gay, Câmara debate cura da homossexualidade

Redação Lado A 28 de Junho, 2012 23h59m

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Em dia de memória à Revolta de Stonewall, 28 de junho, que marca a criação do movimento gay moderno, dia em que gays, cansados de serem injustamente incomodados por policiais, criaram resistência violenta de três dias em um bar de Nova York, a Câmara Federal virou um templo de baixarias. A provocação em dia especial para a comunidade gay dá o tom do que virá por aí nas eleições.

Na pauta do dia da Comissão de Seguridade Social estava a discussão do decreto legislativo 234/11, ou “Cura Gay”, do deputado João Campos (PSDB-GO), líder da bancada evangélica, que deseja alterar uma norma do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que desde 1999 proíbe que profissionais promovam tratamento da homossexualidade com fim de estabelecer a heterossexualidade como padrão não desviante. O projeto também quer retirar a proibição de psicólogos em promover publicamente a “cura” da homossexualidade. O decreto Legislativo é um mecanismo de emergência para o congresso aprovar leis de reoganização entre os poderes, sem a aprovação da presidência.

O Conselho Federal de Psicologia não compareceu a mesa por entender que a discussão não era nem sadia e nem democrática. Em nota, afirmou que “desde 1970 a homossexualidade não é considerada como um transtorno psicológico” e por isso o encontro era infundado. Apenas o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), e a psicóloga curitibana Marisa Lobo compareceram ao debate que teve grande platéia. 

Após explicação da psicóloga sobre seu direito de curar gays se assim os pacientes quiserem, o deputado se disse constrangido. Marisa, em tom alto, disse que não ofendeu o deputado e o acusou de tentar diminuí-la por ser religiosa. O circo foi armado e a discussão terminou com um coral de gritos contra a psicóloga.

O deputado Jair Bolsonaro usou em sua fala uma de suas frases prediletas: “Quem gostaria de ter um filho gay?”. Militantes e espectadores pró gays abandonaram o plenário que contou apenas com a audiência diminuída. Outro barraco se iniciou quando militantes gays tomaram a palavra e foram removidos por seguranças da casa. Não está prevista a votação do tema, para o relator e autor do requerimento de realização do debate, deputado Roberto de Lucena (PV-SP), foi bom ouvir todas as vozes. “Não sou homofóbico, fundamentalista. Propus a construção deste espaço para debater o tema”, afirmou.

Foto: Agência Câmara de Notícias

 

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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