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Prefeito de Lins – SP sai do armário publicamente e fala de homofobia na vida pública

Redação Lado A 22 de Abril, 2013 17h14m

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O jovem paulista Edgar de Souza (PSDB), 34, é prefeito de Lins, interior de São Paulo, há 1 ano (Edgar à esq. com o companheiro amado Alex, 31, à dir.). Sua sexualidade nunca foi segredo na cidade. Na campanha de 2012, chegou a dizer no palanque: “Eu não tenho que esconder com quem eu vivo, quem eu amo. Se eu esconder, não mereço ser prefeito de vocês. Deus me ama como homossexual”, depois que os adversários colocaram fotos sua e de seu companheiro em cartazes clandestinos e cartas enviadas aos eleitores. Esta semana, Souza falou se sua orientação sexual para o site G1. Foi a primeira grande entrevista que ele concedeu sobre o tema.

Eleito com 53,23% dos votos válidos, o sociólogo casado há 9 anos com outro homem. Na entrevista ele falou da infância, e uma matéria atestou a popularidade do prefeito e como sua vida pessoal não interfere em seu papel de gestor.  Único prefeito gay assumido do país, ele afirmou: “Hoje sou muito feliz. Extremamente feliz. Por que se incomodar com a sexualidade alheia? Quem tem convicção da sua não se incomoda com a do outro. No que a minha sexualidade te atrapalha? Essa invasão da vida íntima das pessoas é feita de forma pejorativa. Dizem que sou anormal. Eu sou normal, não sou azul, não tenho três braços. Na vida pública a gente preza pela transparência, não fazia sentido esconder quem eu amo e quem eu respeito”, disse o político que ganhou muitos admiradores pela sua coragem.
 
Católico, ele contou que sentia ressaca moral depois de ficar com outros homens e tomava banhos e se esfregava. “Na hora tem o desejo, mas depois vinha a carga religiosa, a carga moral. Era um sofrimento danado. Chegava em casa chorando. Tomava banho e esfregava o braço até quase sair a pele. Ficava sentindo o cheiro da pessoa e me virava o estômago. Em programas de televisão que discutiam a homossexualidade, as pessoas falavam que se libertavam aos 19 anos. E daí eu falava que precisava me curar. E por coincidência ou algo que a própria mente projetou, aos 19 anos eu me assumo também pra mim. Sair do armário não tem que ser para os outros. Tem que ser para você. Esse é o grande passo porque você rompe a barreira da depressão, do sofrimento”,  ensinou.
 
Sobre o deputado Marco Feliciano, o prefeito falou: “O deputado e pastor Marco Feliciano (PSC), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara (CDH) e é alvo de protestos por todo o país, também deixou o prefeito de Lins indignado com algumas declarações. “Me senti muito ofendido quando o Marco Feliciano colocou no Twitter que o destino da criança criada por casais homoafetivo é ser vítima de pedofilia. É uma idiotice que não tem tamanho. A maior parte de casos de pedofilia acontece em relações heterossexuais, porque a maior parte das pessoas é hetero. Larga a mão de ser idiota falar uma coisa dessa. Ele coloca todo mundo sob suspeição. Sabe aquela coisa, se na rua tem um traficante todo mundo se torna traficante.”
Veja a matéria completa do G1 aqui.
 
 
 
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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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