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“Queridos héteros”: Poetisa lésbica arrasa na performance e crítica à heteronormatividade. Imperdível!

Redação Lado A 29 de Agosto, 2013 21h03m

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A poetisa lésbica premiada Denice Frohman chama a atenção em suas performances de poema falado. Ela recita seus poemas de forma improvisada, sem texto. Em “Queridos héteros” ela arrasa apontando como a heteronormatividade é algo cruel, usando de humor e razão, passando um recado profundo com muita didática e doses de ironia. Genial!

“Queridos héteros: Sexualidade e gênero, duas coisas diferentes. Combinadas em maneiras diferentes mas não as confunda. Se você errar o par de meias, vai entender”, diz ela que ainda descreve diversas situações, o final, mais tocante, ela fala do preconceito e de como jovens gays tentam se esconder do mundo e das dificuldades.

Traduzimos todo o texto para você. Confira a performance incrível:

Queridas pessoas héteros,
Quem vocês pensam que são? Você tem que tornar tão obvio que eu que te deixo desconfortável? Por que eu te deixo desconfortável? Você sabe o que me deixa desconfortável agora? Agora estamos os dois desconfortáveis

Queridas pessoas héteros,
Vocês são a razão de nós ficarmos no armário. Vocês são a razão porque os armários existem! Eu não gosto do armário mas vocês tornaram a sala de estar num lugar incompartilhável, e agora eu me sinto uma visita na minha própria casa.

Queridas pessoas héteros,
Sexualidade e gênero, duas coisas diferentes. Combinadas em maneiras diferentes mas não as confunda. Se você errar o par de meias, vai entender.

 
Querido Hip Hop,
Porque estão fascinados em começar a fazer músicas gays? Me dê um rap. Pessoas gays mordem, compram e comem todo tipo de comida. 
 
Queridas pessoas héteros,
Eu não acho que Deus tenha uma orientação sexual. Mas se ela for hétero é uma tremenda aliada. Porque então ela teria criado o arco-íris?
 
Queridas mulheres hétero, quero dizer, “mulheres hétero” (aspas)
Me deixem em paz!
 
Queridos homens hétero,
Se eu flerto com você eu estou apenas me divertindo, apenas dê risada.
 
Queridas pessoas héteros,
Eu estou cansada de ter que provar que o meu amor é autentico, então estou convocando um plebiscito na sua bunda. Quando você escolheu ser hétero? Isso aconteceu porque os seus pais eram divorciados? Isso aconteceu porque você cheirou muita cola na quinta série?
 
Queridas pessoas héteros,
Por que vocês me encaram quando eu estou andando de mãos dadas com as minhas namoradas, como se eu fosse te assaltar?
 
Queridas pessoas héteros,
Você me faz ter vontade de te assaltar!
 
Queridos aliados héteros,
Obrigado, mais por favor.
 
Queridos valentões héteros,
Você está certo quando afirma que não temos os mesmos valores. Você mata tudo que é diferente, e eu preservo.
 
Diga-me, o que aconteceu com Jose Montalvo, Sakia Gunn, Lawarence King, me diga o que aconteceu com as almas alienadas entre muitas paredes do colegial, que planejaram os detalhes de suas mortes nas aulas de matemática. Que imaginaram seus funerais como paradas de papéis picados, que pensaram que a vida após a morte seria uma festa depois da hora. Sabia que este ódio continua vivo e bem em muitos refeitórios?  Ensinado no silêncio de muitos professores, passado como roupas de segunda mão por muitos pais.
 
Queridas pessoas héteros,
Beijar a minha namorada em público sem precisar olhar para ver quem está observando é um luxo que eu ainda não tenho totalmente, mas esta noite eu estou embebedada na minha liberdade, vou amarrar as mãos delas na esquina da rua mais movimentada da cidade mais cheia, fechar meus dedos nela e apertar seus lábios firmemente, até nós nos derretermos em uma ovação em pé, imagine que nos estamos em um mar de sorrisos quando nós não estamos, e mesmo não estando, continuamos a nos tocar, cavando cada vez mais fundo nos olhos uma da outra, e dizemos: “Eu amor, nada pode nos interromper esta noite. Esta noite este mundo está quebrado e nós somos a única coisa que nos manterá juntas!”
 
Queridas crianças jovens gays,
Eu te vejo. Você não quer que eles te vejam, então você muda os pronomes nos seus poemas de amor. Eu costumava fazer isso. Eu não faço mais. Eu te vejo.
 
——————————
 
Dear Straight People,
Who do you think you are? You have to make it so obvious that I make you uncomfortable? Why do I make you uncomfortable? Do you know that makes me uncomfortable? Now we both uncomfortable!
 
Dear Straight People,
You are the reason why we stay in the closet. You are the reason why we even have a closet. I don’t like closets, but you made the living room an unshared place, and now I’m feeling like a guest in my own house.
 
Dear Straight people, sexuality and gender are two different things. They are able to be combined in many different ways but don’t mix them up. If you mismatch yopur pair of socks, you will understand.
 
Dear Straight people,
I don’t think God has a sexual orientation, but if she were straight, she’d be a dope ally. Why else would she made the rainbow.
 
Dear Straight women, I mean “Straight” women,
Leave me alone!
 
Dear Straight People,
I’m tired of having to prove my love is authentic, so I’m calling for referendums on your ass. When did you choose to be straight? Did it happen because your parents are divorced? Did it happen because your parents are not divorced? Did it happen because you sniffed too much glue in the fifth grade?
 
Dear Straight People,
Why do you have to stare at me when I hold my boyfriends hand like I’m about to rob you?
 
Dear straight people,
You make me want to fucking rob you!
 
Dear Straight Allies,
Thank you, more please!
 
Dear Straight bullies,
You are right we don’t have the same values. You kill everything that is different, I preserve it.
Tell me, what happened to Jose Montalvo, Sakia Gunn, Lawarence King, tell me what happened to the souls alienated in between too many high school walls, who plan the details of their deaths in math class. Who imagined their funerals as ticker-tape parades, who thought the after life was more like an after party.
Have you noticed that hate is alive and well in too many lunch rooms? Taught in the silence of too many teachers, passed down like second hand clothing from too many parents.
 
Dear Straight People,
Kissing my boyfriend in public without looking to see who is around is a luxury I do not fully have yet, but tonight I am drunk in my freedom, I will wrap his hands on the busiest street corner of the busiest city, zip my fingers into his, and press our lips firmly, until we melt their stares into a standing ovation, imagine that we are in a sea of smiling faces even if we’re not, and when we’re not, we start shoveling, digging deep into each others eyes, and say, “Hey baby, ain’t nothing can stop this tonight. Tonight this world is broken and we are the only thing that is going to keep it together!”
 
Dear Queer young child,
I see you. You don’t want them to see you, so you change the pronouns in your love poems. I use to do that. I no longer do that. I see you.
 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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