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Jogue o drama pela janela

Redação Lado A 31 de Outubro, 2013 12h38m

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Por Rodrigo Urbanski

“Era uma vez numa cidade, um rapaz e mais um punhado de problemas…” Se minha vida fosse uma história, eu acho que esse seria o início apropriado para ela. Eu já lhes contei o quão cheia de drama é a minha vida? Eu já lhes contei que (infeliz ou felizmente) uso tudo que eu vivi como base para todos os textos que escrevo nessa coluna? Pois bem, acredito eu que está na hora de tornar isso um pouco mais pessoal, mesmo porque também acredito que por meio dos meus relatos posso conseguir (ou tentar) dar o máximo possível de conselhos para todos vocês. É piegas? É clichê? Sei lá, mas ai vai.

 
Relacionamentos (e veja bem, não estou falando de namoro ou casamento, estou falando de qualquer tipo de relação, pode ser amizade ou uma relação familiar) nunca são fáceis, amor é menos fácil ainda. Você pode ficar sua vida toda sem nem ao menos conhecer o real significado da palavra “amor”, e então, um belo dia você simplesmente topa com esse sentimento e pronto, a bagunça está feita. Eu sempre acreditei em amor, podem me chamar de brega ou de besta, mas sempre acredite e acho que sempre vou acreditar. Também sou um firme crente em relacionamentos.
 
Relacionamentos são firmados em companheirismo, lealdade, confiança e o mais importante de todos: no amor. O difícil em relacionamentos hoje em dia, é que muitos não sabem (ou fingem não saber) que eles só podem ser nutridos com os ingredientes que eu citei acima. Eu vejo milhares de pessoas se relacionamento pelos motivos errados: Há aqueles que são amigos por comodismo, que são namorados por interesse, casados por falta de opções e mais uma sorte de relações firmadas em falsas promessas.
 
Amor, diferente do que os filmes dizem, não é aquele sentimento louco que faz você viajar mares apenas para ver a pessoa (claro, talvez, um pouquinho sim), mas a cerne desse sentimento reside em confiança e conforto, a pessoa que você ama é aquela com a qual você pode ser totalmente honesto, que não fará julgamentos sobre você, também é aquela com a qual você sente-se extremamente confortável; naturalmente em torno destes dois temperos a mais variada sorte de outros “ingredientes” vão surgindo. Isso é amor de verdade em minha humilde opinião, é um sentimento que leva tempo até crescer e se formar, leva muito tempo, aliás. Também requer coragem, de pouco a pouco entregar-se a outra pessoa, e essa entrega é um ato incrível!

Podemos dizer que amor, de fato, é uma entrega mútua, e só pode ser totalmente presenciado quando as duas pessoas decidem “lutar” para que esse sentimento aconteça, por isso eu digo que requer coragem. É claro, no fim, quando isso é alcançado, a sensação é maravilhosa, o fato de estar ao lado de alguém que se ama é fantástico!

 
Essa história começa há mais ou menos um ano atrás, quando eu conheci um tal N. e inevitavelmente me apaixonei, permita-lhes poupar de todo o drama que esse um ano teve, e foram muitos. O ponto é que, com essa experiência eu tenho algo a lhes contar: Existe uma frase que diz “É mais fácil você tentar se apaixonar por quem te aprecia, do que fazer quem não te aprecia se apaixonar por você”, e eu estou lhes dizendo, essa frase não poderia estar mais correta. 
 
Por que ficar correndo atrás de quem não tem merece? Por que sempre tentar dar “uma chance para o amor” para aquela pessoa que nunca está presente na sua vida? Por que forçar-se a sofrer por quem apenas nos usa como brinquedos? Não é mais fácil deixar, ao menos uma vez, o mocinho da história levar a melhor? Seja lá qual for as suas desculpas para responder “não” a todas estas perguntas, permita-se ao menos uma vez preferir o bom moço ao invés do malvado. Quero dizer, eu sempre fui o mocinho (sem falsa modéstia) da história, eu passei por outras pessoas nesse um ano, mas no fim da noite, quando eu deitava minha cabeça no travesseiro, era ele, N., quem ficava no topo de meus pensamentos. E é claro, foi um drama só.
 
Eu sou acostumado com drama, sempre fui. Fui criado para esperar o pior, sempre estar preparado para o pior acontecer, uma pessoa me largar, algo não dar certo, um emprego não rolar, um amigo eu perder. Minha mãe me ensinou a sempre estar esperando pelo pior, porque de fato, ele aconteceria. Sabe com o que eu nunca me senti confortável? Com a felicidade! Porque eu sempre fiquei esperando que um dia, um belo dia, eu acordaria e pronto, tudo acabaria. E, por favor, não sinta pena por isso, esse ensinamento me tornou forte frente a vida, me moldou como uma rocha que enfrenta uma forte tempestade.
 
Dito isso, e somando ao parágrafo anterior, a grande verdade é que todos nós temos medo, medo de ser feliz, medo de arriscar lutar pela felicidade. E no que esse medo consiste? Na idéia de que nós temos, nem que seja interiormente, de que as coisas não vão durar, de que elas vão acabar e acabar catastroficamente.
 
Bem, não tenha esse medo, as coisas podem acabar? Sim. Mas se nós tivermos fé, paciência e esperança (com um pouquinho de força e coragem também) podemos fazer qualquer coisa perdurar para sempre, “para o resto da vida” (como me foi dito há alguns dias atrás). É difícil? Sim, pois sempre estamos presos na nossa casa de medo, na nossa casca de “e se”, cheios de “e se não der certo?”, “e se acabar?”, “e se não for aquilo que eu esperava?”. Desapegue-se disso, desapegue-se daquela velha história que às vezes nos contam de que “nada é para sempre” e todas as outras baboseiras, algumas coisas na vida podem perdurar, basta coragem.
 
E uma grande e sábia amiga, que como eu já sofreu um bocado na vida, me disse uma frase que mudou minha forma de pensar perante o drama que sempre me rondou a vida toda: “Não fique esperando o pior, fique preparado para ele, mas espere sempre o melhor, e diga sempre em voz alta esse melhor”. 
 
Dê um pulo de fé, dizendo em voz alta e para si mesmo que você vai conseguir e que merece o melhor, ao fim dessa queda de fé você vai encontrar não um chão duro para se estraçalhar, mas sim os braços daquilo que você sempre sonhou ter para te segurar. Combinado?
 
Quanto a mim, eu não espero mais pelo drama acontecer, eu espero agora o melhor sempre, e eu atesto, ele anda acontecendo. Tenho fé, ele vai continuar acontecendo e perdurando, porque assim como qualquer um que lê esse texto, eu mereço.
 
Seja corajoso, entregue-se a felicidade, e jogue o drama pela janela.

Rodrigo Urbanski – Designer, redator do blog Seduzi Na Padaria. Apaixonado por Madonna, arte, livros (principalmente os de Stephen King), aspirante a escritor e com um “quê” de comediante.

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SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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